O prefeito de Cambé (13 km a oeste de Londrina), Adelino Margonar (PMDB), é alvo de uma denúncia de improbidade administrativa. Ele é acusado de utilizar pelo menos R$ 68 mil de verbas públicas para promoção pessoal. O autor da iniciativa é o ex-diretor da Fundação Cultural do município Benedito Gomes da Silva Filho, que protocolou a denúncia, semana passada, no Ministério Público em Curitiba e no Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR).
O denunciante foi um dos quatro funcionários do alto escalão exonerados - um apenas mudou de função - mês passado, sob a justificativa de corte de despesas com folha de pagamento. Na denúncia, Silva Filho afirma que Margonar ''fez publicar'' no encarte ''Administrações Municipais Bem Avaliadas'', da revista IstoÉ, uma matéria - sob o título ''Mais Transparência: com experiência empresarial, prefeito prioriza a Educação'' - que seria, na realidade, uma espécie de anúncio pago. Conforme a denúncia, que tem anexadas notas fiscais e de emprenho, o material teria sido objeto de um contrato firmado entre a Prefeitura e a empresa Única Propaganda Ltda., de Maringá, sob o argumento de que a veiculação atrairia novas indústrias à cidade.
Para o ex-diretor, ''(...) a matéria limitou-se tão-somente a propagar as qualidades pessoais do sr. prefeito enquanto homem de negócios e administrador, fazendo menção à sua suposta experiência e competência profissional, não possuindo uma nota sequer de incentivo à industrialização de Cambé''. A matéria traz um infográfico que, apesar do título ''Cambé-PR'', elenca números de uma pesquisa na qual o centro da avaliação é a atuação de Margonar à frente do Executivo municipal. Os números de aprovação ao mandato recheiam o material, bem como citações a feitos do prefeito à frente da presidência de um clube da cidade.
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''As pessoas me perguntam por que não denunciei isso antes, mas é que não tinha provas. O objetivo é mostrar à população que, enquanto o prefeito diz que corta despesas, gasta indevidamente para se autopromover - tanto que esse anúncio não cita qualquer potencial de Cambé como atrativo de empresas'', criticou Silva Filho.
O prefeito não quis se manifestar. Seu advogado, Arnaldo de Oliveira Junior, defendeu que o pagamento à agência, em novembro de 2005, teria sido o de uma inserção publicada na IstoÉ em março de 2006. ''O pagamento à agência foi pelo material de março, repassado antes, talvez, porque o público-alvo, empresariado, estaria de férias no final de 2005'', disse. ''Retardaram a publicação'', completou. Segundo o advogado, ''três ou quatro empresas'' teriam se instalado em Cambé após os dois materiais.
Folha de Londrina