O presidente do PT paulista, Emídio de Souza, disse ser pessoalmente favorável à expulsão do senador Delcídio Amaral (MS) do partido. O dirigente destacou ainda que a decisão deveria ser tomada de forma rápida, dada a gravidade do caso - Delcídio foi preso na quarta-feira, 25, após ser flagrado em um áudio tentando obstruir as investigações da Lava Jato.
"Pessoalmente sou favorável à expulsão, não é uma posição do diretório de São Paulo", disse Emídio, após participar de evento promovido pelo Instituto Lula, com a presença do ex-presidente, na capital. Questionado se o partido deveria tomar logo a decisão de expulsar Delcídio, respondeu: "Muito rápido, porque é muito grave a situação".
Emídio argumentou que, diferentemente dos casos do ex-tesoureiro João Vaccari e do ex-ministro José Dirceu, que foram condenados e presos mas continuam nos quadros do PT, o caso de Delcídio "não tem nada a ver com política". "Não vamos pagar por coisas que não cometemos", destacou.
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O dirigente paulista comparou o caso do senador com o então deputado estadual Luiz Moura, que foi expulso após ser divulgada a suspeita de ligação dele com a facção criminosa PCC.
Emídio disse que não seria uma precipitação e defendeu que o partido não precisa esperar uma condenação de Delcídio para expulsá-lo. "O PT tem autonomia pra expulsar o filiado que quiser no momento que quiser", afirmou. E frisou que ele e a direção paulista apoiam a nota emitida na quarta-feira, 25, pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, que disse que o partido não deve solidariedade ao senador. "O PT não está obrigado a prestar solidariedade aos atos de todo e qualquer filiado, ele (Delcídio) tem que responder na medida da responsabilidade dele", afirmou. "O PT já paga um preço alto por suas posições políticas, por erros individuais nós não podemos pagar", completou.
Bancada no Senado
Emídio demonstrou não concordar com a posição da bancada petista, que votou majoritariamente pela revogação da prisão de Delcídio na noite de quarta-feira. O senador Humberto Costa (PE), líder da bancada, chegou a dizer em plenário que a direção do partido emitiu a nota à revelia da bancada e que o documento não representava a posição dos senadores petistas. "A bancada do PT no Senado vai ter que se explicar, eu não concordo, eu apoio a nota do Rui Falcão", disse Emídio. "A bancada deve ter feito a análise de elementos para isso, mas a direção de São Paulo apoia integralmente o Rui."
Nove senadores do PT votaram pela revogação da prisão de Delcídio Amaral. Apenas dois votaram para que a decisão do Supremo Tribunal Federal fosse mantida e para que ele continuasse preso: Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).