O governador Roberto Requião (PMDB) saiu nesta terça-feira em defesa do delegado-geral da Polícia Civil, Adauto Abreu de Oliveira, acusado pelo deputado estadual Mário Sérgio Bradock (PMDB) de envolvimento em um esquema de fabricação de notas fiscais falsas.
Requião reuniu-se com Adauto nesta terça-feira de manhã, e afirmou que tem ''total confiança'' no delegado-geral.
A denúncia de Bradock baseou-se em notas fiscais recolhidas junto a hotéis e restaurantes utilizados por policiais que atuavam na Corregedoria da Polícia Civil no ano passado, quando Adauto era o coordenador do setor.
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O deputado comparou às notas coletadas nos estabelecimentos com às apresentadas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e verificou que os valores apresentados ao TCE eram muito superiores. Segundo Bradock, as notas falsificadas somariam R$ 40 mil.
Requião afirmou que não acredita no envolvimento de Adauto no esquema fraudulento. ''Ele não era fiscal de notas.
Ele apenas autorizava as viagens, sem conferir o que foi gasto ou não depois. Mas vamos criar uma sindicância para apurar o acontecido'', afirmou o governador.
Segundo o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, a sindicância será tocada pela Corregedoria da Polícia Civil. Questionado se o órgão não seria inapropriado para a investigação pelo envolvimento do delegado-geral na denúncia, Lacerda foi taxativo.
''A investigação não é sobre o Adauto. Eu vi as notas fiscais, e não encontrei nenhuma menção ao nome dele. O que será investigado é se as notas são realmente falsas, e quem se beneficiou com elas. Possivelmente a investigação será estendida para todos os setores da polícia, e não apenas às notas utilizadas na corregedoria'', comentou o procurador-geral.
O deputado Bradock reafirmou nesta terça-feira que Adauto participava ativamente do esquema. ''Temos que lembrar que não são notas frias. São falsificadas mesmo. Não é de estranhar que todas elas tenham sido usadas por policiais da corregedoria e não de outros setores?'' questionou Bradock.
A Promotoria de Investigações Criminais (PIC) também irá investigar o caso. Nesta terça-feira, mais um policial prestou depoimento no órgão, mas o teor de suas declarações não foi revelado.
Na segunda-feira, um policial confessou que fabricava as notas fiscais utilizadas pelos policiais, a mando de Adauto. A Folha procurou o coordenador da PIC ontem, Ramatis Fávero, mas não obteve retorno.