O senador Roberto Requião, presidente estadual do PMDB e candidato declarado à sucessão do governador Jaime Lerner (PFL), prometeu reverter a venda da Copel caso o governo cumpra a meta e privatize a empresa em outubro ou novembro deste ano. A reestatização da empresa de energia será feita, se o PMDB conquistar o Executivo na eleição do próximo ano.
O compromisso público foi anunciado em entrevista por Requião, mas não será registrado em cartório. "O PMDB, além de 93% dos paranaenses, não aceita vender a empresa. Vamos brigar na Justiça para combater essa medida, e reencampar a Copel se necessário", declarou.
"Não se pode vender a água e a força da gravidade. Desde o direito romano a água é um bem fora de comércio", disparou. Requião explicou que não está preocupado com uma possível avalanche de ações e pedidos de ressarcimento caso tenha que reencampar a Copel.
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"É um aviso prévio aos especuladores ligados ao governo, para espantar pretendentes", resumiu. A oposição aposta praticamente todas as fichas no projeto de iniciativa popular para barrar a privatização da estatal. O projeto, que revoga a autorização concedida pelo Legislativo em 1998 para o Estado vender a empresa, aguarda votação na Assembléia Legislativa. O PMDB coleciona pesquisas de opinião contrárias à venda da Copel. Levantamento patrocinado pelo próprio Palácio Iguaçu revelou que 77% da população se opõe à privatização.
Requião atacou ainda o pedágio, considerado outro ponto crucial da administração Lerner. Ele assumiu o compromisso de rever as seis concessões no Anel de Integração. "Vamos declarar a nulidade de contratos considerados abusivos e submeter os demais a um plebiscito, para rever valores", disse.
Segundo pesquisa do partido, 57% dos paranaenses são a favor da revisão de preços e 37% querem a revogação dos contratos com as empresas privadas que exploram os trechos das rodovias estaduais. Em outubro do ano passado, as tarifas de pedágio foram reajustadas em 116%. Em 1998, ano da reeleição do governador, Lerner reduziu em 50% os preços, para o escoamento da safra, e cerca de um ano depois retirou o desconto.
O senador disse que os compromissos assumidos não são apenas discurso de véspera de eleição. "É para mostrar que não estamos brincando", assegurou.
As promessas do PMDB são semelhantes às anunciadas um dia antes pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula - classificado como presidenciável apesar de não admitir que está à caça de votos -, disse em Minas Gerais que, caso a Furnas Centrais Elétricas seja privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o PT deverá reestatizar a empresa, se chegar ao Palácio do Planalto.
Requião lembrou que a escolha do candidato peemedebista ao Palácio Iguaçu ainda depende da convenção do partido, mas que a corrida eleitoral já começou. "Por isso estamos apresentando propostas claras". O senador afirmou ainda que o posicionamento em relação à Copel e ao pedágio são pré-requisitos para a costura de alianças partidárias. "Não vamos aceitar que partidos se digam de oposição, mas não prometam mudanças", declarou.