Os ecos da eleição para governador do Estado do ano passado poderão ser ouvidos novamente em setembro, quando a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) elege sua nova diretoria.
A briga é política. Duas chapas já começaram as articulações para disputar o controle da federação, que concentra o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
A primeira é coordenada pelo atual presidente da Fiep, José Carlos Gomes de Carvalho, o Carvalhinho, que comandou a campanha do senador Alvaro Dias (PDT) ao governo.
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A segunda é encabeçada por Rodrigo Rocha Loures, que tem vínculos com o governador Roberto Requião (PMDB), seu padrinho nesta briga.
As ligações entre os empresários que devem disputar as eleições da Fiep e os dois adversários do segundo turno das eleições ao governo podem ser confirmadas na prestação de contas enviadas pelo PDT e pelo PMDB à Justiça Eleitoral.
Oficialmente, Carvalhinho, que é suplente do senador Osmar Dias (PDT), foi uma das pessoas físicas que mais contribuiu para a campanha de Alvaro, com um total de R$ 90 mil em doações.
Já Rocha Loures é o presidente da Nutrimental, empresa que doou R$ 105 mil à campanha de Requião, além de ter doado R$ 5 mil de seu próprio bolso.
Nos bastidores do setor empresarial, especula-se o quanto o Palácio Iguaçu pode interferir na disputa pela presidência da Fiep, ocupada há 11 anos por Carvalhinho.
A presença de um aliado de Alvaro, que pode vir a disputar o governo do Estado novamente em 2006, não é uma das perspectivas mais agradáveis para Requião, uma vez que a Fiep tem 88 sindicatos filiados no Estado, que representam cerca de 20 mil estabelecimentos industriais.
Rocha Loures não nega que as propostas que defende para uma eventual gestão à frente da Fiep estão afinadas com o discurso de Requião em relação ao empresariado.
''Minha candidatura não está oficialmente lançada. O que existe é um grupo de industriais e empresários que acredita que é hora de um momento de renovação na Fiep, devido ao próprio momento econômico que passa o País. A eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Requião mostraram os rumos que a população quer, e o empresariado está atento a isso'', argumentou Rocha Loures.
Para o empresário, a Fiep deve voltar seu foco para o incentivo ao empreendedorismo paranaense.
''Durante muito tempo, foi dada muita atenção a grandes empresas do exterior e o pequeno empresário paranaense foi esquecido.
Obviamente os investimentos estrangeiros são importantes, mas nossa visão é que a federação deve voltar suas ações para o estímulo ao empreendedor local e para uma gestão compartilhada com toda a classe'', resumiu Rocha Loures.
A Folha tentou entrar em contato com Carvalhinho durante a semana, mas foi informada pela assessoria da Fiep que o presidente da federação se encontrava em Cordoba, na Argentina, integrando uma missão comercial com outros empresários paranaenses.
O empresário tem evitado falar no assunto. Trabalha nos bastidores, na tentativa de garantir mais uma reeleição.