O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) encarregada da Operação Lava Jato, afirmou nesta quinta-feira, em Curitiba, que se estima que o esquema denunciado nesta quinta-feira desviou R$ 300 milhões. Segundo o MPF, o valor mínimo de ressarcimento é de R$ 1 bilhão.
Dallagnol afirmou que fazem parte da denúncia que está sendo oferecida pelo MPF à Justiça o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. De acordo com o procurador da República, a lavagem de dinheiro era processada em dois momentos. No primeiro, os recursos iam das empreiteiras para os operadores financeiros. Depois, no segundo momento, os operadores os repassavam para os beneficiários finais.
Segundo Dallagnol, primeiro o dinheiro circulava por meio de saques e entrega em espécie, pagamentos no exterior e contratos simulados com empresas de fachada controladas por operadores financeiros. Dos operadores financeiros, afirmou, era retirado de três formas: em espécie, remessas ao exterior e pagamento de bens. Ele disse que o principal esquema de lavagem de dinheiro que foi objeto das acusações foi a formulação e assinatura de contratos de fachada entre empreiteiras e empresas fictícias controladas por operadores financeiros.
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"Os serviços prestados nunca existiram porque as empresas eram de fachada; três delas não tinham nenhum empregado ou tinham apenas um", declarou. Conforme Dallagnol, os controladores dessas empresas reconheceram que os serviços jamais foram prestados. "Há um conjunto de evidências muito forte que mostram que esse serviços só existiam no papel", reiterou.
Acusações
Dallagnol disse também que as investigações não param por aqui e novas acusações virão. "Posso garantir que mais acusações virão", disse. "Inclusive de improbidade contra empresas cartelizadas". Ele também afirmou que continuam a ser investigados crimes de cartel e fraude em licitação.
Segundo o procurador, outras empresas investigadas na Lava Jato podem ser incluídas em novas denúncias a serem oferecidas e não há hipótese de 'acordão'. "Empresas corruptores precisam ser punidas de forma firme para que não pratiquem corrupção novamente", disse. Dallagnol reafirmou ainda que a Petrobras é vítima do esquema e está contribuindo com as investigações, fornecendo dados em tempo recorde, segundo ele.
Indagado sobre quando outras denúncias serão oferecidas, Dallagnol disse que o Ministério Público iria falar apenas sobre as denúncias já apresentadas e não sobre as que ainda serão oferecidas. Ele disse o MPF assinou um termo de confidencialidade sobre as investigações feitas na Suíça, com exceção à parte relacionada ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. O chefe da Coordenação de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, Gerson Schaan, que também estava na coletiva, disse que há indícios também de crime contra a ordem tributária.