O Tribunal de Contas do Estado detectou o desvio de cerca de R$ 47 milhões (valor não atualizado, que pode passar de R$ 50 milhões com correção) dos cofres da Prefeitura de Maringá. O rombo - apontado no relatório da auditoria nas contas do município - refere-se apenas à gestão do ex-prefeito Jairo Gianoto (PSDB, hoje sem partido), no período de 1997 a 2000. O presidente do TC, Rafael Iatauro, vai divulgar hoje à tarde, de forma detalhada, de que forma eram feitos os desvios, mês a mês.
O montante é consideravelmente maior do que valor apurado pelo Ministério Público de Maringá, que supera a casa dos R$ 30 milhões - dez vezes mais do que a cifra inicial relatada na ação de improbidade administrativa contra Gianoto e seu ex-secretário de Fazenda, Luis Antônio Paolicchi. O relatório vai a plenário na próxima semana e será entregue ao Ministério Público, para dar suporte às investigações.
Além do levantamento da parte financeira e contábil de Maringá, o TC vai continuar apurando nos próximos meses as licitações e convênios na gestão de Gianoto. Com isso, os valores devem aumentar e podem ficar próximos a R$ 100 milhões, conforme a Folha já havia divulgado no final do ano passado.
Leia mais:
Câmara aprova castração química para condenados por pedofilia
Um sucesso, diz médico de Lula sobre procedimento na cabeça para evitar novos sangramentos
Alep adiciona oito mil sugestões populares ao orçamento do Paraná
Previsto no Lote 4, Contorno Leste deve ficar para depois de 2030
O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, Laerzio Chiesorin Júnior, é o responsável pela auditoria feita nas contas de Maringá. Ele e sua equipe de técnicos fizeram o cruzamento de dados de saída e entrada de dinheiro da prefeitura nos últimos quatro anos.
Paolicchi, preso em Maringá desde dezembro do ano passado, está sendo investigado por quatro crimes: formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Mesmo a auditoria do TC tendo comprovado desvios durante a gestão de Gianoto, as contas de 97 e 98 foram aprovadas. O relatório vai agora embasar a avaliação das contas de 99.
O relatório referente às contas de Londrina - que investiga a gestão de Antonio Belinati (PFL, hoje sem partido), de 1997 a 2000 - está em fase final de elaboração. O responsável pelas investigações é José Rubens Cafarelli. As apurações são mantidas sob intenso sigilo e nenhum dado parcial foi adiantado, ao contrário de Maringá. A Folha apurou que o próprio presidente do órgão está tendo dificuldades para obter informações sobre o andamento das investigações em Londrina.
A entrega dos relatórios está sendo feita com atraso. A previsão anterior dos técnicos do TC era repassar os relatórios a Rafael Iatauro no início deste mês.
O relatório de Londrina seguirá o mesmo trâmite de Maringá e será submetido a julgamento no TC. Posteriormente, servirá de base para o julgamento das contas do ex-prefeito Antonio Belinati. O Ministério Público investiga fraudes em contratos e licitações envolvendo a AMA (Autarquia Municipal do Meio Ambiente) e a Comurb (Companhia Municipal de Urbanização) e já comprovou que houve desvios. Por conta das denúncias, Belinati está com a avaliação de suas contas suspensas até que a auditoria do TC seja concluída.
José Aparecido da Cruz (promotor do MP em Maringá) e Bruno Galatti (promotor em Londrina) estiveram ontem em Brasília (DF) em busca de provas de ligações entre Paolicchi e o empresário-doleiro de Londrina Alberto Youssef.