Às vésperas da aprovação da reforma administrativa que deveria moralizar o quadro de pessoal do Senado, senadores de diversos estados e de quase todos os partidos continuam transformando a casa em cabide de empregos para abrigar cabos eleitorais e apadrinhados. Os parlamentares multiplicaram por até cinco vezes o total de cargos comissionados em seus gabinetes e pelo menos 25 deles empregam "fantasmas" em escritórios políticos montados nos Estados, segundo divulgou o jornal O Globo neste fim de semana.
A farra das nomeações continuou solta no Senado apesar da crise institucional em que a Casa mergulhou desde 2009, por conta dos atos secretos denunciados em uma série de reportagens publicada no jornal O Estado de S. Paulo. O Guia do Parlamentar - cartilha entregue a cada senador que assume o mandato - fixa em 12 assessores o limite de contratações. Mas eles usam uma brecha criada por normas internas para desmembrar o número de comissionados.
Com isso, o gasto anual, apenas com o item alimentação, aumentou em 157%. A despesa saltou de R$ 7,4 milhões para R$ 19,2 milhões ao ano. Isso porque todo servidor do Senado, independentemente do salário, tem direito a um vale refeição de R$ 628 mensais. Caso a regra fosse observada, os senadores teriam no total 972 servidores comissionados, mas com a liberalidade que se permitiram, empregam 2.505 funcionários, o que representa um gasto de R$ 1,6 milhão ao mês somente com esse benefício.
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Entre os senadores que mais empregam comissionados estão Ivo Cassol (PP-RO), com 69 cargos, Clóvis Fecury (DEM-MA), com 56, Fernando Collor (PTB-AL), com 54 e João Ribeiro (PR-TO), com 53. Em muitos casos, diz a notícia, servidores não aparecem para trabalhar, seja porque fazem curso no exterior ou atuam em negócios privados, como clínicas, escritórios de advocacia e lojas, mas recebem salário do erário público. Há casos até de políticos cassados pela lei da ficha suja ou denunciados pelo Ministério Público.