O presidente da Câmara Municipal de Londrina, José Roque Neto, convocou o ex-vereador Sidney de Souza (PTB) para substituir Rony Alves (PTB) na votação que decidirá sobre aplicação de sanção contra o vereador Rodrigo Gouvêa por contratação de suposta funcionária fantasma. Alves está impedido porque foi ele quem protocolou a denúncia contra o parlamentar.
Primeiro na lista de suplentes do PTB, Souza afirmou à Rádio Paiquerê AM que não poderá comparecer à sessão, por compromissos anteriormente agendados, que não podem ser adiados. "Não tenho como me fazer presente e cumprir este dever cívico", disse. Porém, acrescentou que é "extremamente desconfortável" ser chamado como suplente para julgar um vereador. "Acho que é uma situação desconfortável para qualquer cidadão".
A Rádio Paiquerê também manteve contato com o ex-vereador Luiz Carlos Tamarozzi, o quarto na lista de suplência, já que o segundo e o terceiro suplentes – Miguel Quessada Pelegrino e Eloísa Helena da Silva – faleceram. Tamarozzi disse que não vai à sessão. "Não vou participar porque não quero", afirmou secamente. Ao ser perguntado sobre as denúncias que pesam contra a atual legislatura, Tamarozzi respondeu: "Não estou analisando nada. Deixa eles (atuais vereadores) fazerem o que quiserem. Não estou nem lendo reportagens (sobre o assunto)".
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Souza, ao responder a mesma pergunta, foi mais crítico. "Muitos dos vereadores que ali estão se elegeram fazendo críticas aos que lá estavam. Mas o tempo é o senhor da razão e vai mostrar quem realmente fez o quê pela cidade".
Tanto Sidney quanto Tamarozzi foram afastados dos cargos na legislatura passada e respondem processos judiciais por suposta participação no esquema de cobrança de propina de empresários para aprovar leis municipais. Ambos não se reelegeram.
O quinto suplente da lista do PTB é Ademir Zacarias da Silva.
Advogado de Gouvêa quer anular comissão processante
O advogado Guilherme Gonçalves, que defende o vereador Rodrigo Gouvêa, disse considerar ilegal a convocação de suplente para votar na sessão da próxima segunda-feira (3), quando seu cliente será julgado pelos pares por suposta contratação de funcionária fantasma.
Em entrevista à Rádio Brasil Sul, o advogado disse que "essa história de convocar suplente é completamente ilegal e antirregimental". "O suplente só pode ser chamado quando há saída definitiva do titular do cargo. Além disso, o suplente não está acompanhando o que está acontecendo: vai "cair de para-quedas", afirmou.
Segundo ele, caso o presidente da Câmara mantenha a decisão de convocar o suplente, ele recorrerá à Justiça. "Nunca vi isso na minha vida – convocar o suplente por apenas uma sessão".
Porém, em Londrina mesmo, há precedentes desta convocação extraordinária. Na sessão de cassação do ex-prefeito Antonio Belinati, os ex-vereadores Elza Correia e Santa Rosa estavam impedidos de votar. Seus suplentes foram convocados e votaram, sem qualquer impedimento.