O início da privatização da Copel trouxe à tona mais uma polêmica que o governo enfrentará: a venda da Sanepar. A privatização da companhia de saneamento está prevista no programa de ajuste fiscal do governo. Mas por enquanto, ninguém se entende quanto ao destino da empresa. Enquanto o presidente da Sanepar, Carlos Teixeira, assegura que o governo não pensa em vender a Sanepar, o secretário de Governo, Cid Campêlo Filho, declara: "A Sanepar será privatizada depois da Copel".
Em entrevista ontem à Folha, Teixeira garantiu que o governador Jaime Lerner descarta a venda. "Não há qualquer intenção de vender a Sanepar. Se ela continuar financiando o saneamento, ela gerará lucros", declarou.
Minutos depois, o secretário de Governo dava uma declaração totalmente contrária a de Teixeira e confirmava à Folha a intenção de vender a companhia. "O cronograma do ajuste fiscal previa a venda da Sanepar em 2001, mas como atrasou a privatização da Copel, a Sanepar será vendida depois", disse.
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Os dois destinos diferentes para a mesma empresa trouxeram mais uma vez a evidência de que o governo sofre de um problema de falta de sintonia. Ao saber das declarações de Teixeira, Campêlo tentou justificar. "O presidente da Sanepar luta para não ter privatização."
A única hipótese para que a Sanepar não seja vendida é o governo conseguir equacionar suas finanças, hoje comprometidas com o salário dos servidores e com dívidas.
O governo do Estado, no entanto, pode não conseguir muito dinheiro com a venda da Sanepar. O governo federal encaminhou ao Congresso um projeto de lei que muda as regras no setor de saneamento. Pela proposta, ficará proibido que um estado ou município cobre pela exploração das concessões de água.
"Isso desestimula os governos municipais e estaduais a fazerem a privatização", disse Teixeira. Ele ressaltou que muitos municípios e estados poderiam se sentir estimulados a vender suas empresas de saneamento para reforçar o caixa ou desafogar dívidas.