O vereador Valdemir Soares (PRB) acusado de ter fraudado uma votação na Câmara Municipal de Curitiba renunciou ontem ao mandato. Ele foi denunciado à Mesa Diretora pela vereadora Julieta Reis (DEM). Soares teria votado no lugar da colega em uma das emendas vinculadas ao projeto de lei que concede reajuste aos servidores municipais da capital. A renúncia aconteceu um dia após Julieta protocolar a queixa por quebra de decoro parlamentar, que poderia levar o parlamentar à cassação, ficando inelegível e sem chance de concorrer às eleições deste ano.
Imagens de uma câmera de vídeo da casa mostram Soares supostamente registrando o voto no sistema eletrônico na bancada de Julieta. No discurso de 30 minutos, na sessão de ontem de manhã, o vereador do PRB disse ter a consciência limpa e que a ação contra ele foi fabricada. Ele também pôs em dúvida o sistema de votações da Casa e falou sobre suas ações em benefício da população no período em que foi vereador. Soares estava em seu quarto mandato.
"Saio pela porta da frente e vou continuar a fazer o trabalho social que sempre fiz. Sei que se eu me defendesse dessa acusação, eu seria inocentado, mas por respeito a Curitiba decidi renunciar. Tenho a consciência limpa de que não votei pela vereadora e nunca tive nenhuma conduta que ferisse a ética e o decoro parlamentar. Mas, da forma como os fatos foram noticiados, não pareceu honesto da minha parte permanecer. E tão importante quanto ser honesto é parecer ser honesto", disse.
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Sobre o sistema de votações, ele argumentou que não podem mais ser admitidas situações em que um "vereador vota de um jeito e aparece de outro", ou em que "um vereador esbarrou no console e o voto foi computado". Mas na sessão de anteontem, o presidente da Casa, Ailton Araújo (PSC), afastou a possibilidade de um erro técnico e afirmou que nunca houve contestação das votações até então. Por fim, Soares agradeceu ao apoio recebido pela família e por membros da comunidade evangélica.
Julieta Reis disse estar com a consciência tranquila e certa de que agiu conforme a sua consciência. "Estou chateada, mas ao mesmo tempo muito tranquila, com o meu dever cumprido", afirmou. Ela lembrou que é uma situação inédita na Câmara de Curitiba. "Pessoalmente, eu não tenho nada contra ele. Mas a atitude dele não foi correta", explicou.
A Câmara consultou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e aguarda orientação de quem vai substituir Soares. Os suplentes são os vereadores Edson do Parolim (PSDB) e Zezinho do Sabará (PSB). É preciso verificar se os suplentes mudaram de partido e se essa mudança interfere na substituição.
A FOLHA procurou o vereador Soares, mas ele não retornou as ligações.