A primeira sessão da Câmara Municipal de Londrina depois das eleições municipais foi realizada na última terça (4) em ritmo de balanço. Com apenas um projeto na pauta, a ordem do dia durou menos de duas horas e a maior movimentação esteve nos bastidores, onde derrotados tentavam achar explicação. Entre os oito reeleitos para mais quatro anos a partir de 2017, a satisfação se misturava ao incômodo pelo provável debate acerca da redução dos subsídios, principal bandeira da campanha de Boca Aberta (PR), vereador eleito com 11.484 votos, o maior número da história da cidade.
Conforme declarou à imprensa após a apuração, Emérson Petriv, o Boca Aberta, a sua principal medida logo no início da legislatura será propor equiparação salarial parlamentar com o piso de um professor em início de carreira, cerca de R$ 1,9 mil, ou, pelo menos, a doação de parte do valor ao Hospital do Câncer. Atualmente, o subsídio do vereador é de R$ 12,9 mil. Futuros colegas dele, ouvidos pela reportagem da FOLHA, rechaçaram a ideia.
Para Mario Takahashi (PV), reeleito com 4.192 votos, a remuneração está adequada ao tamanho da responsabilidade. "Não vejo isso de uma forma construtiva. Se cada eleitor fosse proprietário de uma empresa que fatura R$ 2 bilhões por ano, como a prefeitura, contrataria pessoa capacitada e digna de receber salário condizente com a responsabilidade. Vai ter esse embate, já esperamos isso, mas cada um tem o seu pensamento e constrói a sua imagem política de acordo com o seu trabalho, os meus eleitores votaram em mim porque gostaram da forma como conduzi o meu mandato."
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De acordo com o Junior dos Santos Rosa (PSD), com 3.038 votos na reeleição, se a proposta de corte for oficializada, "os próximos vereadores irão analisar, mas acredito que deve se manter como está". Entendimento semelhante tem o vereador Vilson Bitencourt (PSB), que fez 3.129 votos para o segundo mandato. Ele afirmou que o debate sobre redução de salários não aumenta a produtividade parlamentar. "É uma bandeira extremamente equivocada, porque a questão salarial está ligada à qualidade do profissional. O vereador é como um executivo de uma grande empresa, que trabalha com orçamento de quase R$ 1,8 bilhão por ano. Se você paga R$ 1 mil, não vai ter executivo de qualidade e nós temos que ter pessoas qualificadas cuidando dessa cidade."
O único que considera plausível o debate acerca da redução dos vencimentos é o vereador Roberto Fú (PDT), 4.228 votos, que já se posicionou outras vezes contra o valor atual pago aos parlamentares. No entanto, R$ 1,9 mil seria pouco, disse ele. "Vamos discutir. Algumas vezes já falei sobre redução, mas não trabalhar por aquilo que ele está propondo porque só o que eu faço com o meu caminhão, meu gabinete itinerante, passa disso por mês. Cheguei no quarto mandato, sempre trabalhando, e não preciso falar quem eu ajudo com o meu salário, mas se ele tiver essa proposta, o local certo para discutirmos é o plenário", disse o pedetista.
Também em plenário, o vereador Professor Rony Alves (PTB), reeleito com 3.094 votos, mandou o recado durante discurso no grande expediente, quando os parlamentares tratam de temas livres na sessão. "O que me admira é que as pessoas ainda são levadas pelo canto da sereia. Uma pessoa muito simples me perguntou hoje se eu também iria devolver parte do meu salário, respondi que não devolverei nenhum centavo do meu salário, a menos que a pessoa que está dizendo que vai devolver nos diga como ela vai sobreviver."
Também foram reeleitos Amauri Cardoso (PSDB), com 2.950 votos, Deliberador (PSC), com 2.305, e Pastor Gerson Araújo (PSDB), com 2.541 votos.