''Já era a favor da redução da maioridade penal antes mesmo de perder meu marido''. A frase é de Luciney Rocha Souza, ex-mulher de José Luiz de Souza, de 53 anos, baleado no peito com um tiro de revólver no dia 28 de março, em Londrina, logo após um assalto em seu comércio, no
Depósito São Marcos. Ela e seus familiares já realizaram dois protestos na cidade pedindo a redução da maioridade penal e continuam recolhendo assinaturas num abaixo assinado.
Luciney inclusive pediu apoio do governador Beto Richa durante a ExpoLondrina deste ano, para que o político se manifeste favorável ao assunto. Entre os responsáveis capturados pelo crime a polícia apreendeu três adolescentes - o menino que seria o autor dos disparos, de 16 anos; e duas meninas, uma de 16 e outra de 17 anos. ''O grande problema é que eles sabem que não serão punidos. Que serão apreendidos e logo depois voltam para a rua. Como vamos confirmar que eles agiram por conta própria ou se foi por pressão de adultos?'', destaca.
Ela ainda reforçou que já entrou em contato com outras famílias que perderam seus entes por meio de atos infracionais de adolescentes, como os pais de Victor Hugo.
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Deppman, de 19 anos, assassinado na porta do prédio onde morava, em São Paulo, no dia 9 de abril. ''Não podemos ficar de braços cruzados, por isso estamos nos mobilizando para cobrar uma postura das autoridades'', reforçou.
Sônia Aparecida Marchi, mãe do engenheiro Francisco Marchi, de 33 anos, assassinado em frente à sua residência, no dia 11 de março, em Apucarana, também é favor da redução da maioridade penal. Ela acredita que responsabilizar os jovens a partir de 16 anos seria uma forma de intimidar a prática de crimes violentos que resultam em morte. ''Ainda estou indignada, vi meu filho ser morto na frente de casa. Não participei da manifestação do último sábado (11), mas fiquei sabendo que juntou cerca de 500 pessoas, então percebemos que a sociedade quer uma resposta porque a situação está insustentável'', reclama.
No último dia 2 de maio um adolescente de 16 anos confessou ser o autor do crime. Ele foi apreendido por tráfico de drogas e também assumiu a autoria de outros quatro homicídios. ''Os criminosos adultos estão recrutando os adolescentes porque todos sabem que a penalidade será insignificante. Por isso muitos acabam assumindo a culpa porque terão que cumprir medidas socioeducativas e não vão para um presídio'', diz.
Sônia ressalta que, com a possibilidade do jovem ser julgado aos 16 anos, a quantidade de ocorrências e a participação nos crimes violentos poderia ser reduzida. ''Na verdade o problema é muito maior do que a simples redução da maioridade. É preciso uma ação séria do governo para que os jovens tenham acesso à educação de qualidade, é preciso acabar com a ociosidade dos adolescentes, melhorar a distribuição de renda. Além disso, é necessário que as instituições que trabalham na recuperação destes jovens realmente funcionem. Que sejam educandários que os transformem em verdadeiros cidadãos'', ressaltou.