A Secretaria de Saúde de Rolândia identificou nos últimos dias a emissão de atestados falsos entregues por funcionários de duas empresas da cidade.
No total, foram 17 atestados irregulares entregues por colaboradores em janeiro, sendo que cada um pede o afastamento das funções por um a dois dias, geralmente nas sextas e segundas-feiras.
Os dados utilizados foram de médicos que atuam ou já atuaram no município, que não reconhecem a autoria, o carimbo e a assinatura utilizados no documento.
Ana Luísa Dias, diretora da Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Rolândia, explica que, dentro do site do município, existe uma aba chamada “Veracidade de Atestados”.
Nesse local, as empresas do município podem se cadastrar e solicitar um protocolo para identificar a veracidade de um atestado entregue por um colaborador, por exemplo, seja por dúvidas ou para confirmar alguma informação.
“Já aconteceu várias [vezes], a gente confere, vê se está tudo certo, que é verídico [o atestado] e pronto, resolvido”, explica.
Entretanto, em janeiro, ela conta que a pasta recebeu uma grande quantidade de protocolos abertos por duas empresas com o questionamento da veracidade dos atestados.
Ao passar pela análise, foram constatados que 17 atestados não condiziam com a realidade dos registros de consultas no pronto atendimento do município.
Pelo sistema ser online, ela explica que é possível verificar todos os pacientes que são atendidos no município, que foi o primeiro passo da análise. Com isso, foi constatado que em nenhum dos casos os pacientes tinham passado por consulta no dia marcado no atestado médico.
Além disso, outro indício de irregularidade foi o fato de que os atestados eram coloridos, diferente do que é emitido pelo município, que é em preto e branco.
Em relação aos dados médicos que aparecem nos atestados, ela conta que são de profissionais que atuam ou que já atuaram no município. Segundo ela, os documentos foram enviados aos médicos pedindo a confirmação quanto a assinatura e carimbo, mas nenhum reconheceu a veracidade do atestado.
A diretora explica que, por isso, todos os profissionais que tiveram os dados utilizados já estão em contato com o CFM (Conselho Federal de Medicina) para relatar o ocorrido.
Outra verificação feita pelo município foi quanto a parte gráfica do atestado. Dias explica que o atestado tem um padrão específico, envolvendo a fonte e a formatação utilizada, que é diferente do que constava nos documentos emitidos irregularmente.
“Nós fizemos essas três verificações e em nenhuma, no caso desses 17 atestados, foram compatíveis com o real”, explica. Essas informações, segundo ela, foram repassadas às empresas, assim como o município tomou as medidas legais, através de um BO (Boletim de Ocorrência), já que o atestado é um documento público e, nesse caso, houve uma alteração de documento público.
Ana Luísa Dias aponta que, até o momento, não há indícios de que alguém de dentro da pasta estivesse auxiliando na emissão desses atestados, mas que isso só poderá ser confirmado com as investigações da Polícia Civil. Segundo ela, também não é possível saber ainda qual seja a “fonte” dos atestados falsificados.
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