Adeus legenda. Se o cinema era sinônimo de som e vozes originais dos grandes astros e estrelas de Hollywood, agora ele pode se tornar uma grande decepção para os entusiastas da sétima arte.
A tendência dos cinemas brasileiros é investir cada vez mais em longas-metragens dublados, do que com áudios originais e legendas em português. A tradição deve ser quebrada por conta de um novo público que está aderindo às salas escuras: a classe C.
Segundo informações do Brasil Econômico, a afirmação foi feita por um presidente de uma das maiores redes de cinema do país, a Cinemark. Marcelo Bertini disse que grande parte dos clientes prefere os filmes dublados e essa tendência deve se acentuar.
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"Não gosto de trabalhar muito com maioria, mas em termos gerais, o percentual de filmes dublados tende a crescer. A princípio, a nossa função como exibidor não é educar o espectador em alguma língua e sim atender à demanda dos novos clientes", disse ele em entrevista à publicação.
A Rede Cinemark diminuiu o número de filmes legendados desde os últimos dois anos. Em um cinema de São Paulo, por exemplo, próximo ao metrô de Tatuapé, das 11 películas em cartaz, apenas duas apresentavam opção de áudio original.
Em uma pesquisa realizada nas redes que têm franquia em Londrina, ainda há predominância de filmes legendados nas programações. No Shopping Catuaí, por exemplo, o Cine Araújo oferece 11 títulos, dos quais seis estão disponíveis em áudio original, três apenas com dublagem, e apenas um possui as duas opções. O 11º é nacional.
Já no Cinesystem, rede instalada no Londrina Norte Shopping, cinco filmes são oferecidos com áudio original, três são dublados, e apenas dois têm as opção com legenda ou dublagem. Nos Cinemas Lumière, do Royal Plaza Shopping, os dublados venceram. Quatro possuem dublagem e apenas dois têm aúdio original.
De acordo com o Brasil Econômico, o Vale-Cultura, medida que será implementada a partir de julho deste ano, deve impulsionar o público a frequentar de forma mais assídua os cinemas brasileiros. O incentivo vai fornecer R$ 50 por mês aos trabalhadores formais que recebem até cinco salários mínimos para gastar com atividades culturais. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, projeta um aumento de R$ 11 bilhões na produção cultural do país nos próximos anos.
"Esperamos que o projeto motive pessoas que nunca tiveram acesso aos segmentos contemplados (como a compra de livros e de ingressos para o cinema e teatro) a frequentarem atividades culturais. O cinema vai acabar se beneficiando com isso", disse Bertini. (Com informações do Brasil Econômico).