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Filme faz sucesso ao resgatar banda de aborígenes

BBC Brasil
08 nov 2012 às 09:58

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- Divulgação
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Um filme ''alto astral'' baseado na história verdadeira de um grupo feminino australiano que lutou contra o preconceito e que causou sensação no Festival de Cannes já é um sucesso na Austrália.

O longa The Sapphires se baseia na história verdadeira de um grupo integrado por mulheres de uma mesma família aborígene que deixou a Austrália para cantar para cantar canções de soul music para soldados americanos durante a Guerra do Vietnã.

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A estreia britânica se deu após a produção ter sido aclamada em Cannes e no Festival de Cinema de Londres, realizado no mês passado.

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O diretor Wayne Blair, que é de ascendência aborígene, admite que histórias sobre indígenas que ganham fama internacional muitas vezes falham nas bilheterias em seus países natais.

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Sucesso de bilheteria


Mas o filme é um sucesso indiscutível na Austrália, já tendo faturado 14 milhões de dólares australianos (R$ 29,5 milhões) em apenas nove semanas de exibição.

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''A Austrália está pronta para mais histórias sobre indígenas. Acho que já estávamos prontos há 30 ou 40 anos. Não são apenas as grandes cidades que estão vendo esse filme. O resto da Austrália também. É lindo'', comenta.


Quando o filme estreou em Cannes, Chris O'Dowd, um dos protagonistas do longa, chegou a ser repreendido pelo diretor do festival por não parar de dançar a canção Soul Man no tapete vermelho.

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Mas o ator irlandês que interpreta o empresário da banda, Dave, tinha todos os motivos para celebrar, após o filme ter sido aplaudido de pé por dez minutos e o produtor americano Harvey Weinstein ter fechado um acordo de distribuição do longa.


''Eu sabia que o filme era bom e eu realmente adorei fazê-lo. Mas eu achava que era apenas um filminho independente australiano que, se muito, emplacaria na Nova Zelândia e na Tasmânia. Não pensava que seria algo que iria tentar fazer sucesso mundial'', afirma O'Dowd.

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O êxito despertou interesse pelas Sapphires verdadeiras, duas das quais fizeram na vida real o mesmo que as personagens que inspiraram nas telas.


Lois Peeler e sua irmã Laurel Robinson foram ao Vietnã, mas suas duas primas, Beverley Briggs e Naomi Mayers, permaneceram na Austrália.

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Em entrevista à BBC, Lois Peeler relembra a experiência como tendo sido ''bem assustadora''. ''Não tinha pensado o suficiente que estávamos indo para uma zona de guerra. Quando desembarcamos em Saigon, momentos depois houve um bombardeio ao aeroporto'', conta.


Laurel Robinson deixou seu filho Tony, de 2 anos, em casa para excursionar com a banda. Mais de 30 anos depois, seu filho assinou o roteiro no qual The Sapphires é baseado.

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Antes de chegar às telas, a história assinada por Tony Briggs inspirou um musical de sucesso nos palcos de Melbourne e Sydney.


Sensação do soul


O diretor Wayne Blair afirma que as Sapphires originais se tornaram uma sensação da soul e uma fonte de inspiração até para artistas negros americanos. Ela lembra que as cantoras que inspiraram o filme chegavam até a participar de churrascos com os Jackson Five.


A atriz Shari Sebbens, que interpreta uma das cantoras, preza o pioneirismo do filme. ''É a primeira vez que indígenas australianos, como nós, ou ao menos uma das primeiras vezes, em que somos capazes de expressar nossas próprias identidade por conta própria'', comenta.


O filme aborda a chamada ''geração roubada'' da Austrália - vítimas de uma política governamental de assimilação forçada de aborígenes que vigorou até a década de 1960.


Milhares de crianças aborígentes foram retiradas à força de suas famílias e enviadas para instituições públicas ou entregues a famílias brancas.


Em 2008, o governo australiano pediu oficialmente perdão às suas comunidades aborígenes. Mas a atriz Miranda Tipsell, que interpreta outra cantora do quarteto, afirma que quando o pedido do governo foi feito muitas das pessoas afetadas já haviam morrido.


''Sinto que ainda estamos muito para trás como país. Demorou muito para que a Austrália média tomasse conhecimento de nós. Temas ligados aos indígenas são retratados no filme, mas estes não vendem bem porque não são populares e as pessoas se sentem confrontadas por eles'', afirma.


Para Shari Sebbens, o longa traduz a natureza dos aborígenes, um povo que conseguiu superar contratempos e tragédias por meio da alegria, diz ela. ''O filme bate em todos estes temas duros de forma bem humorada e celebratória e não faz com que ninguém se sinta atingido ou culpado. É como sobrevivemos, por meio de nossa família, de nossas risadas e alegria'', comenta.


Assista o trailer oficial:


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