Quando as primeiras imagens de um filme começarem a penetrar sua retina, pense por um momento no processo de como as imagens chegaram até seus olhos. Se elas chegaram através de um DVD pirateado você faz parte de 48% da população brasileira que compra DVD ilegal, segundo pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ/Ipsos em 2010. Ou você pode ter feito um download do filme, assim como 81% dos internautas brasileiros, como mostra uma pesquisa feita em 2012 pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Agora vamos embarcar em uma viagem para os anos 80/90. Se você morasse em uma cidade sem cinema, o único canal que você teria com filmes seria uma videolocadora (excluindo a TV, que não era por escolha, se assistia ao filme que ela exibisse). Naquela época se formavam extensas filas para reservar as fitas VHS do filme recém lançado. Hoje, isso pode parecer bem rudimentar, mas era o que tinha.
A indústria cinematográfica sofre uma grave crise decorrente do forte esquema de pirataria aliada à popularização da internet, e de sites de compartilhamento de arquivos. E as videolocadoras são a parte mais fraca e afetada por esse novo comportamento. Primeiramente a transição do VHS para o DVD foi um baque. Pense naquelas bancas que vendem DVD falsificado nas ruas, além do preço barato que gira em torno de dois reais nas ruas de Foz do Iguaçu, 100 unidades de DVD são facilmente transportadas e distribuídas, o que antes era difícil com as enormes VHS.
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A locadora Paris Vídeo, localizada em Foz do Iguaçu, há mais 14 anos ainda sobrevive. Para adaptar-se ao novo cenário, o proprietário Joel Moreira, agregou a sua loja uma lan house, lanchonete e correspondência bancária. Nos áureos tempos eram três lojas e mais de dois mil clientes ativos. Atualmente ele conta com um seleto grupo de mais ou menos 500 freqüentadores "a maioria dos clientes são de elite, como médicos, advogados e arquitetos, que primam pela qualidade e não querem ter seus nomes envolvidos em algo ilícito" afirma seu Joel. A informação é valida se compararmos com a pesquisa feita pelo IPEA que revela que nas classes D e E a porcentagem de pessoas que compram DVD pirateado chega a 96%, contra 75% da classe A.
No entanto Moreira não se desanima e vê prosperidade em outro tipo de mídia "Várias pessoas vão comprar TV em 3D para assistir a Copa e com certeza vai aumentar a locação de Blue ray 3D, que já supera a locação de DVD". No final deste ano a Paris Vídeo vai suspender os DVD’s e trabalhar apenas com o Blue Ray. O DVD então está preste a virar item de antiquário junto com as pré-históricas fitas de VHS.
PIRATARIA É CRIME
É bom lembrar que a pirataria é crime previsto no código penal em seu artigo 184, com pena de detenção de três meses a um ano ou multa. Com o código de processo civil através da lei antipirataria de 2003, a pena pode aumentar para a reclusão de até quatro anos.