Manifestantes continuam realizando protestos violentos em frente a embaixadas ocidentais nesta sexta-feira (14) contra um filme anti-islâmico produzido nos Estados Unidos.
Pelo menos uma pessoa morreu nesta sexta-feira.
Representações diplomáticas estrangeiras no Sudão, no Egito e no Iêmen foram palco de protestos de multidões. No Líbano, um restaurante da cadeia americana KFC foi incendiado na cidade de Tripoli, e uma pessoa morreu.
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Até quinta-feira, apenas embaixadas americanas estavam sendo alvejadas, mas agora representações da Grã-Bretanha e da Alemanha também foram atacadas.
No Sudão, manifestantes conseguiram iniciar um incêndio na Embaixada americana e arrancar a bandeira do país hasteada no local, colocando uma faixa islâmica no lugar.
No Cairo, cinco pessoas ficaram feridas em um protesto em frente à Embaixada americana. A polícia disparou gás lacrimogêneo contra cerca de 500 pessoas. As ruas no entorno foram bloqueadas com arame farpado, barricadas de concreto e veículos policiais.
'Um milhão'
Alguns grupos islâmicos convocaram passeatas pacíficas de "um milhão de pessoas" contra o filme. A Irmandade Muçulmana, grupo ao qual pertence o presidente do país, Mohammed Mursi, disse que pretende organizar protestos em massa em frente a mesquitas, mas longe da Embaixada americana.
Em viagem à Itália, Mursi disse que seu governo procurará garantir a segurança de todas as embaixadas estrangeiras no Egito. Ele também disse que o filme, uma obscura produção americana intitulada Innocence of Muslims ("Inocência dos Muçulmanos", em tradução livre), é "inaceitável".
Também houve choque entre manifestantes e policiais em Sanaa, capital do Iêmen.
Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha disse à BBC que a polícia do Sudão está acompanhando uma manifestação em frente à representação britânica em Cartum.
A Embaixada alemã disse que todos seus funcionários estão em segurança, apesar dos ataques.
Os primeiros protestos contra o filme foram registrados na terça-feira no Cairo. No mesmo dia, uma manifestação semelhante provocou um incêndio no consulado americano em Benghazi, matando quatro americanos – entre eles o embaixador dos Estados Unidos no país.
Cautela entre brasileiros
Segundo o Itamaraty, as embaixadas e representações brasileiras no Oriente Médio devem adotar o procedimento de "dar maior atenção à segurança" em situações de instabilidade.
"Não há perspectiva atualmente de que o Brasil seja alvo de nenhum destes ataques e não houve ameaça concreta ao Brasil", disse a assessoria de imprensa do Ministério à BBC Brasil.
"Também mantemos um mapeamento das comunidades brasileiras no Oriente Médio e sempre as orientamos a evitar aglomerações e locais propícios à realização de manifestações."
Identificado autor de filme sobre Maomé
O governo dos Estados Unidos identificou o diretor do filme Inocência dos Muçulmanos, como sendo Basseley Nakoula, informou uma fonte nos serviços de segurança, que pediu para não ser identificada, nesta quinta-feira, 13. O filme que ridiculariza o profeta Maomé desencadeou uma onda de protestos em países islâmicos, que resultou na morte do embaixador norte-americano na Líbia, Christopher Stevens.
Inicialmente, um suposto israelense americano chamado Sam Bacile assumiu a responsabilidade pelo filme. Mas crescentes evidências mostram que ele não existe. O verdadeiro autor deve ser Nakoula, que havia dito para a Associated Press que apenas trabalhava na parte logística da companhia que produziu a película.
Nakoula, de 55 anos, é um cristão copta californiano que teve problemas com a lei no passado. Ele nega que tenha inventado Bacile.
Sinopse
O filme norte-americano "Innocence of Muslims" ("A inocência dos muçulmanos"), que retrata o Profeta Maomé como um homem corrupto, depravado e pedófilo, está provocando uma grande onda de violência contra as embaixadas americanas na Líbia, no Egito e no Iêmem.