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O teatro não é do povo

12 out 2004 às 11:00
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""Para Caymmi de Nana, Dori e Danilo, 90 anos" é um apanhado de grandes composições do artista com calorosa interpretação dos filhos nos vocais e nos arranjos. De tão bom que ficou o trabalho, lançado em disco na mesma data de estréia do show que por sinal era dia do aniversário do homenageado, acabou ganhando o Grammy Latino deste ano.
Pois bem o show veio para Curitiba semana passada. Nana, Dori e Danilo trouxeram suas emoções cantadas para mostrá-las no Guairão, o principal teatro do Paraná. Que o curitibano é frio, isso não é novidade para ninguém e, sinceramente, todo mundo já respeita e entende a tal de história de colonização polaca usada para disfarçar algumas faltas de educação que o nosso povo comete (digo nosso porque apesar de não ter nascido aqui já me considero da cidade), mas que tem coisas que são demais isso são.
Escuta só então: a Nana Caymmi desceu a lenha no Teatro Guaira. Reclamou do som, do camarim e perguntou quem cuidava de lá? Os puxa-sacos responderam que o teatro é do povo. Meu Deus do céu como alguém pode dizer isso?
Se o teatro fosse nosso teríamos certamente um cuidado maior com ele. Como por exemplo: arrumaríamos um jeito de fazer um bar decente com mesas mais elegantes para sentarmos e conversarmos antes e depois dos espetáculos. Assim poderíamos aproveitá-lo melhor ao invés de contar os minutos para sairmos de lá e irmos comer ou beber algo fora dali já que as opções de consumo são mínimas e de acomodação inexistem (a não ser uns banquinhos péssimos de madeira que a gente fica quase de pé).
Se fosse nosso também não teríamos que correr o risco de sermos assaltados na saída, pois colocaríamos policiamento na Praça Santos Andrade e arredores do teatro. Ainda se fosse de nossa propriedade não deixaríamos que, em shows caros, os cambistas comprassem nossos bilhetes e nos deixassem sem, afinal de contas os bilheteiros já estão carecas de saber quem eles são.
Por fim, para não criarmos muitas delongas e apêndices neste texto, se o Teatro Guaira fosse nosso acomodaríamos as grandes estrelas que vêm para cá de uma forma melhor. Pediríamos um cabide emprestado para algum lojista, um sofá decente, chamaríamos também a iniciativa privada para patrocinar a reforma dos banheiros e faríamos uma sala só para cuidar das roupas dos artistas. Assim elas não teriam que ser passadas nos corredores como acontece hoje.
Bem se o teatro fosse nosso cuidaríamos como se nossa casa fosse e quem sabe, não deixaríamos que, o mal-humor de artistas do calibre de Nana viesse à tona.
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