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Os telhados de vidro que eles têm

21 mai 2004 às 11:00
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Parece mentira que estamos passando pela repressão novamente. É 2004. Tempo em que supostamente deveríamos estar amplamente livres para fazermos realmente o que quiséssemos, sem cortes de lado nenhum. As coisas não vão por aí. O Brasil mostra sinais claros de retrocesso. Governo esquerdista expulsa jornalista que fala que o presidente Lula bebe demais. Logo eles que sempre foram favoráveis às manifestações livres. Logo eles que levantaram bandeiras contra repressão. Logo eles não. Até eles.
Na redação da Folha de Londrina, jornal onde trabalho há quatro anos, não é a primeira vez que meu lado burguês (assumido descaradamente) é reprimido por colegas petistas.
Explico: há bastante tempo, desde que entrei lá, sinto algumas caras feias quando assumo que gostaria que todos tivessem direito a comer caviar e tomar champanhe. Que gostaria que a sociedade fosse nivelada por cima. Não seriam os ricos que empobreceriam e sim os pobres que enriqueceriam. Falo em tom de brincadeira por saber que se trata de um dos muitos delírios aos quais me dou o desplante de externar. Isso por acreditar na liberdade.
Sempre me causou surpresa o fato de alguns de meus colegas não aceitarem repressões ao seu partido. Só que antes eles não tinham telhado de vidro. Eram tipo aquelas meninas que ainda sem saber o que era fazer sexo a primeira vez ficavam palpitando na vida das outras. "Quando eu estiver nessa situação vou fazer diferente". E não fazem. E não fizeram e não vão fazer. Repressores. Ano passado vislumbrou-se uma greve na redação. Fui contra. Sem vergonha nenhuma de assumir a minha posição fui a única a dizer que não queria a greve. Achei que naquele momento não seria o mais apropriado e não escondi de ninguém. Baseei-me na democracia e na liberdade de expressar-me para dizer em frente a todos que não embarcaria naquela.
Senti um raio de opressão saindo dos olhos de alguns colegas. Naquele momento só pensaram, ninguém me falou nada, ainda não se sentiam seguros. O PT governava o Brasil há poucos meses. Não tinha colocado as garrinhas de fora.
Semana passada tivemos mais um daqueles encontros entre empregados e empregadores. A empresa apresentou uma proposta que cada um deveria ou não aceitar. Todo mundo aceitou. Afinal tratava-se de um aumento salarial que há muito temos direito e que até agora nada. No acordo aceitaríamos algumas perdas.
Como o sindicato havia marcado que estaria na reunião e não apareceu, os acordos individuais tiveram que ser adiados. Mais uma vez falei abertamente que achava que eles deveriam ter honrado a agenda marcada. Foi aí que senti o peso do poder. Fulminada por uma colega de redação, sindicalista e petista fui chamada de "pelega".
Muita gente nem sabe o que é isso. É gente que está contra os colegas. Que está a favor do patrão. É assim que alguns petistas chamam quem não entra na onda deles. Pura repressão.
Cadê a liberdade de expressão tão buscada por eles quando estavam do outro lado da linha?? Eu vou continuar usando e abusando da minha. E vocês quando vão assumir o lado burguês de vocês?????
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