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Sociedade cafona, kitsch ou feudal?

25 ago 2004 às 11:00
Suzana Werner foi uma das celebridades disputadas no CFA. A empresária Irit tem acesso ao mundo das pulseirinhas - Daniel Sorrentino
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.. em moda e em badalação social

Já há algum tempo os eventos de moda se mesclam entre um sentido e outro. As sociáveis dão as caras nos desfiles para conferir o que está na moda e quem está em alta.
Alguns enlouquecem com um simples pipocar de flash a seu lado, outros ficam apavorados com tamanho delírio por coisas tão insignificantes e nunca mais põem os pés num lugar daqueles.
Mas que o tema é bom e retrata como se comporta a sociedade do Século 21 isso é.
Em 2004 agimos como se fossemos donos do mundo (o que de uma certa forma somos, tamanha a velocidade que as informações correm e o poder que temos de disseminar informações limpas e sujas), mas não nos damos conta de como o sistema antigo de cortejar os poderosos e estabelecer relações feudais ainda vigora.
Quase ninguém tem dinheiro para bancar quase nada. Nesse mundo sociedade-moda-empresariado o que vale é mais que moeda. É poder. Todos são nobres, mas sem dinheiro. Então a velha troca da Idade Média volta a acontecer. Conhecer mais famosos significa melhores lugares nos desfiles.
Quem é amigo do dono da empresa tem mais pulseirinhas de acesso vip aos espaços (hábito que pode ser cafonérrimo ou kitsch). Destas possibilidades fico com a última, pois até é engraçada a briga para se ter uma pulseirinha.E que mal tem assumir que se é tupiniquim (somos mesmo)? E mais engraçado é a gente se ver atrás de pulseiras para os amigos poderem ficar perto da gente.
A sensação de conseguir um pedaço de papel para colocar no pulso e mostrar que se é "amigo do rei" é estranha, mas inegavelmente deliciosa. Poder ter acesso a um mundo que tem charme, inveja, cafonas, chiques, famosos, geradores de notícias, impulsionadores de estilo é realmente um prazer que não custa dinheiro. Custa tempo de penetração. É isso mesmo. Introdução, penetração, inserção numa sociedade que come, dorme, comunica-se, movimenta-se no Terceiro Milênio, mas em relações sociais ainda está atrasadíssima. Esse poder de penetração na sociedade é uma conquista própria que continua sendo feita como alguns séculos atrás. E que vale alguns trocados, mesmo que ninguém tenha dinheiro para pagar por ela.

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