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Esquizofrenia é confundida com crise na adolescência

Redação Bonde
02 jun 2009 às 18:12
- Divulgação
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A novela "Caminho das Índias", da Rede Globo, está trazendo à tona uma discussão sobre esse transtorno ainda repleto de estigmas e incompreensões. Interpretado pelo ator Bruno Gagliasso, o personagem Tarso sofre com o preconceito que retarda a cada dia o diagnóstico correto e, consequentemente, o tratamento de sua doença. Na vida real a situação não é muito diferente. De acordo com o psiquiatra Mario Louzã, coordenador do Projeto Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o estigma provocado pela doença ainda é o maior fator limitante para o início do tratamento.

A esquizofrenia é uma doença mental crônica que atinge cerca de 1,8 milhões de brasileiros. Apesar da alta prevalência, é comum o diagnóstico tardio. "Existem muitos preconceitos em relação à doença, mas quanto mais tardio é o diagnóstico, mais difícil o controle do transtorno. Ainda é comum a esquizofrenia ser confundida com crise de adolescente, depressão ou 'esquisitice passageira'", alerta o especialista.

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A esquizofrenia começa a ser manifestar geralmente no fim da adolescência ou início da idade adulta, alterando as atitudes do jovem e interferindo em seu convívio social. Com freqüência a pessoa se isola, fica mais retraída, começa a ter dificuldades na escola ou no trabalho. Surgem também os delírios, as alucinações e alterações afetivas, atingindo a capacidade de julgamento e de atenção, linguagem e comunicação do paciente. "É possível que o doente passe a ter um comportamento excêntrico, usar roupas inadequadas, sair vagando pelas ruas ou descuidar-se da higiene e dos cuidados pessoais", afirma Louzã. Por estas razões, muitas vezes os portadores do transtorno são rotulados como loucos ou jovens revoltados. "Os primeiros anos de manifestação da doença geralmente são os mais agitados, com surtos agudos intercalados por períodos de melhoria", explica o especialista.

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A família tem papel fundamental no tratamento da doença e a informação é a melhor forma de evitar erros no cuidado com o portador da esquizofrenia. "Em geral, a família não tem informação sobre o que são psicoses e reluta em acreditar que esse seja o problema do doente. Nessa fase surgem as dúvidas sobre as formas de controle do problema e também sobre o melhor tratamento. Surgem ainda culpa e vergonha em admitir que há um paciente com esquizofrenia na família".

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Tratamento


Os medicamentos utilizados no tratamento da esquizofrenia são chamados de antipsicóticos e agem nos receptores neuronais de duas substâncias produzidas no cérebro, chamadas dopamina e serotonina. "É a modificação da ação dessas substâncias pelos antipsicóticos que propicia alívio de sintomas, como delírios, alucinações, desorganização do pensamento e agitação", explica Louzã.

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Os primeiros antipsicóticos desenvolvidos são chamados de 1ª geração, com atuação basicamente na dopamina. A partir de 1990, uma nova classe de medicamentos surgiu no mercado, os chamados de 2º geração, que estendia seu resultado para controle também da serotonina. "Os antipsicóticos de 2ª geração inauguraram uma classe nova de medicamentos, com melhores resultados e menos efeitos colaterais", explica Louzã.


O tratamento da esquizofrenia visa controlar os sintomas e também prevenir novos surtos. "Para se fazer um paralelo, é como o tratamento da diabetes, por exemplo, que demanda controle periódico, porém possibilitando que a pessoa leve uma vida normal", explica Louzã.

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Mitos e verdades sobre a doença


A esquizofrenia pode se manifestar na infância?
Sim. Isso é raro, mas quadros esquizofrênicos podem surgir durante a infância e
puberdade.

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A esquizofrenia pode ser decorrente do modo de educação dos filhos?
Não.


Rejeição emocional na gravidez ou na infância causa esquizofrenia?
Não.

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Pacientes com esquizofrenia podem tomar bebidas alcoólicas?
Bebidas alcoólicas podem desencadear surtos esquizofrênicos e devem ser evitadas por esses pacientes.


O paciente com esquizofrenia pode dirigir carro?
Não há uma regra geral. Isso dependerá da gravidade do quadro e a situação deve ser avaliada individualmente pelo médico junto com os familiares.

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Uma paciente com esquizofrenia pode engravidar?
Sim. No caso do desejo de ter filhos, é preciso conversar com o parceiro sobre as eventuais limitações que essa pessoa terá para cuidar do filho.


A doença é mais frequente em homens ou em mulheres?
Atinge igualmente ambos os sexos.


Uma pessoa com esquizofrenia pode ser contrariada?
O diálogo com o paciente com esquizofrenia deve ser igual ao diálogo com qualquer outra pessoa.


Se o paciente se recusar a tomar a medicação, pode dar-se o remédio escondido, diluído em algum alimento?
Dar o remédio escondido não é recomendável. O importante é procurar convencer o paciente sobre a importância de tomar a medicação, mostrando que o medicamento reduz os sintomas que ele apresenta.


Os medicamentos usados na esquizofrenia podem viciar?
Não. Antipsicóticos não causam dependência.


Os sintomas da esquizofrenia se manifestam da mesma forma em todos os pacientes?
Não. As manifestações podem ser completamente diferentes de um paciente para outro.


Esquizofrenia é o mesmo que "dupla personalidade"?
Não. "Dupla personalidade" é um distúrbio muito raro, que não tem nada a ver com esquizofrenia.


A agressividade é uma característica da esquizofrenia?
Geralmente não. O seguimento correto do tratamento minimiza os riscos de
agressividade.


Os antipsicóticos são uma "camisa-de-força" química?
Não. Esses medicamentos aliviam ou controlam os sintomas da doença e ajudam a evitar novos surtos da doença.

(Fonte: Mario Louzã - Convivendo com a Esquizofrenia, Editora Ediouro, 2007).


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