Segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, conduzido pelo Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, 22% das mulheres de todas as idades têm problemas com relação ao desejo sexual. Na faixa de mais de 50 anos, o índice salta para 40%. "Quando essa falta de desejo ultrapassa os seis meses, torna-se importante investigar a causa e procurar tratamento", indica a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do ProSex.
Segundo Carmita, é natural que toda mulher passe por períodos de queda de libido, seja por estar mais concentrada no trabalho, por estar vivendo um período de estresse intenso ou pela perda de entes queridos. O período de gestação, o pós-parto e a menopausa são momentos em que há queda natural do desejo sexual. A mulher em idade reprodutiva tem uma produção hormonal mais favorável à sexualidade - no entanto, há muitas que em plena terceira idade continuam ativas, apesar de lidarem com a secura vaginal.
Há outros fatores físicos que podem determinar a queda da libido feminina: desequilíbrios hormonais causados pelo hipo ou hipertireoidismo, efeitos colaterais de antidepressivos e a diabete, quando afeta a lubrificação vaginal. Os anticoncepcionais e medicamentos contra hipertensão também podem ser vilões. "O melhor é sempre conversar com o médico sobre esse efeito indesejável (a baixa do desejo sexual) para adequar o tratamento."
No entanto, as causas são, geralmente, emocionais. "A depressão, a ansiedade e o estresse patológico inibem o desejo", acrescenta a médica. "A mulher ansiosa tem a atenção multi-dirigida. Não consegue relaxar e se concentrar na relação sexual, então não se lubrifica e o sexo fica desagradável." A baixa do desejo também pode ser detonada por problemas no relacionamento conjugal. A falta de intimidade, ou a decepção gerada por uma infidelidade, costumam armar um cenário em que as mulheres ficam mais insensíveis sexualmente. "O primeiro passo é identificar as causas, se são físicas, emocionais ou mistas", orienta Carmita.
Remédio
Ainda não há um Viagra feminino. Mas existem cremes para ajudar na lubrificação, óleos comestíveis, gel com hormônios e fitoterápicos. E, quando o problema é hormonal, são indicados medicamentos para equilibrar o sistema. A questão principal é procurar ajuda médica quando se percebe que a queda da libido instalou-se na vida. "A mulher não deve pensar que a falta de desejo crônica é natural. Uma boa vida sexual é um fator importante para a qualidade de vida", finaliza a psiquiatra Carmita Abdo.