Vencer o racismo talvez seja a motivação de centenas de imigrantes na Espanha que todos os anos recorrem à cirurgia plástica para apagar as características étnicas mais evidentes de seus rostos, ficando mais parecidos com os europeus. O jornal espanhol El Pais, que publicou uma reportagem sobre o fenômeno, citando o exemplo de Orly Cuzco, um equatoriano de 28 anos que pagou 4,2 mil euros a um cirurgião de Madri para que modificasse seu rosto. "Eram muito fortes em mim os traços do povo inca. Agora chamo menos a atenção", explicou Cuzco ao jornal.
"Ocidentalizar as feições" é um fenômeno em contínuo crescimento entre os imigrantes sul-americanos, informa o El Pais. A Sociedade Espanhola de Cirurgia Plástica (Secpre) confirma o aumento dos pacientes que "querem um nariz mais europeu". E o fenômeno pode ser até maior, pois muitos imigrantes sul-americanos aproveitam as férias, em seus países, para fazerem cirurgias plásticas a preços mais acessíveis, que variam de 570 a 900 euros. Segundo o jornal espanhol, as correções mais procuradas são: o retoque no nariz, o arredondamento do queixo ou dos olhos.
"No Brasil, também são realizadas muitas cirurgias de ocidentalização das pálpebras. Mas pela nossa grande variedade étnica, considero que a motivação para estas cirurgias estão mais ligadas a questões pessoais: essa característica desagrada a alguns, que reclamam do aspecto de inchaço que confere ao olhar ou até da dificuldade de maquiar-se, no caso das mulheres. Por aqui, conseguimos apreciar e valorizar a beleza característica de todas as etnias, as diferenças são bem aceitas e bem vindas. Nosso maior preconceito é econômico", conta o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Razões para ocidentalização estética
A ocidentalização das pálpebras tem sido nos últimos 50 anos, uma das cirurgias plásticas mais procuradas pela população jovem dos países orientais. O contato dos orientais com a cultura dos europeus e americanos deu início a uma era de intercâmbio cultural, comercial e industrial, que trouxe também mudanças nos costumes e nos valores estéticos. A ocidentalização estética tem no Japão e na Coréia do Sul a popularidade da lipoaspiração no Brasil. Por aqui, a cirurgia também faz sucesso. Estima-se que 14.000 pessoas, sobretudo em São Paulo e no Paraná – maiores colônias orientais – submetam-se a cirurgias de ocidentalização a cada ano, o dobro do que acontecia no início dos anos 90. Metade destas intervenções é para criar a "dobrinha sobre os olhos".
Como é feita a dobrinha
"A cirurgia de ocidentalização consiste em retirar parte da gordura existente nas pálpebras superiores, típica dos rostos orientais. Depois, é feita uma ‘dobrinha’ em cima dos olhos", explica Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Os cuidados pré-operatórios começam com uma avaliação cuidadosa para se indicar com precisão a cirurgia. O paciente precisa ter mais de 18 anos, ser um adulto formado. Não é recomendável que a cirurgia seja feita em crianças e adolescentes. "Devem ser avaliados também a presença de problemas visuais; de pregas uni ou bilaterais; a espessura das pálpebras; a assimetria, o formato e o tamanho de fenda palpebral, assim como a inserção e a altura dos ligamentos cantal, medial e lateral, na presença de cicatrizes", explica o médico.
Após a avaliação do cirurgião plástico, o procedimento é realizado com anestesia local, em ambiente cirúrgico, com duração de aproximadamente 1 hora. Os cuidados pós-operatórios englobam repouso por cerca de cinco dias. " E a exposição direta ao sol deve ser evitada, principalmente, enquanto persistirem as manchas roxas, o que poderia tatuar a pele, retardando o desaparecimento das equimoses. Após este período, protetor solar e bons óculos escuros são indispensáveis para sair de casa", recomenda Ruben Penteado.
Serviço:
Centro de Medicina Integrada - www.medintegrada.com.br
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http://twitter.com/rubenpenteado