Deixar o emprego, apertar as contas do mês e ainda ser cobrada pela sociedade. Este é o preço que muitas mães estão dispostas a pagar em troca de mais tempo para se dedicar à família.
Ao contrário do que muitos possam pensar, essa atitude não tem nada de comodismo. Ela é, na verdade, a prova de que valores familiares, cada vez mais escassos, continuam sendo prioridade máxima para algumas mulheres.
Foi o que aconteceu na família Salvadori. Quando Thaís, de 31 anos, percebeu que a vida em família estava começando a se desestruturar, não pensou duas vezes em deixar de trabalhar no gerenciamento de uma petiscaria.
‘Muitos dos valores que queríamos passar para eles estavam ficando para trás por causa do meu envolvimento com o trabalho’, diz Thaís, casada há 14 anos com Rodrigo, 33, e mãe de quatro filhos.
Porém, a grande preocupação surge quando o assunto é financeiro. Segundo ela, deixar de trabalhar fez com que a economia doméstica se tornasse uma das prioridades da família – enquanto algumas atividades extras tiveram de ser cortadas, outras foram valorizadas.
‘Procuramos priorizar programas familiares simples, como preparar uma boa comida em casa, assistir a um filme e sentar na calçada para observar as crianças brincando na rua’, revela Thaís, que teve duas experiências profissionais depois que se tornou mãe.
Para ela, a profissão de mãe é tão gratificante que ela não se sente frustada por não trabalhar fora de casa. ‘Digo que filho nunca deixa de precisar da mãe. Me sinto realizada em saber que meus filhos têm uma infância fortemente marcada pela presença dos pais’, ressalta.
Com o casal Regiane e Osvaldo, a gravidez também fez com que ela deixasse o emprego na escola e passasse a se dedicar exclusivamente ao filho já na gestação. ‘Brinco que meu trabalho é ser mãe do João Marcos, pois é tão cansativo quanto qualquer outro emprego, mas com diferenças na hora da recompensa. Nenhum emprego é tão gratificante como este’, diz.
Formada em Letras há pouco tempo, Regiane, de 28 anos, batalhou por um emprego na área e acabou conseguindo uma vaga bem antes do que imaginava. Porém, no meio de contratos e entrevistas, a notícia: engravidou e não pôde assumir o novo e sonhado emprego’.
O susto só não foi maior porque o casal namorava há mais de dez anos. O filho, João, que agora completa oito meses, mudou a rotina de Regiane.
‘Eu e o Osvaldo chegamos à conclusão que é melhor ficar em casa para atender às necessidades do bebê’, diz Regiane, que por enquanto não tem planos de voltar a trabalhar. ‘Mas na hora das contas, é claro que procuramos ser cautelosos para não cometermos extravagâncias’, completa.