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Observação e inspiração

Projeto Mulheres Inspiradoras será implantado em 15 escolas

Maisa Carvalho - Portal Bonde
14 fev 2017 às 17:08
- Arquivo Pessoal
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Um projeto piloto idealizado por uma professora brasiliense pretende educar jovens estudantes sobre a condição da mulher na sociedade. O Mulheres Inspiradoras, idealizado por Gina Vieira Ponte, é uma proposta de ensino não convencional, que utiliza a metodologia da pedagogia socio-histórica e deu tão certo que vai ser expandido, inicialmente, para outras 15 escolas do Distrito Federal. Em entrevista para o Portal Bonde, Gina elenca quais os caminhos e desafios para o desenvolvimento da ideia, que pode abranger colégios de todo o País.

Primeiramente, a professora precisou desenvolver um modelo diferente de aula, já que o ensino tradicional compete com as informações que vêm da internet, em especial das redes sociais. Ela decidiu usar a atividade de seus alunos na web para debater sobre a responsabilidade de propagar discursos preconceituosos.

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"O maior desafio é lidar com os preconceitos. Como hoje a sala de aula não é o lugar privilegiado de acesso ao saber, como era há alguns anos, quando os estudantes chegam em sala de aula, eles já trazem muitas informações que obtiveram em canais no YouTube, em reportagens, em postagens do Facebook e muito do que eles trazem reforça estereótipos e estigmatiza o movimento feminista. O professor precisa estar muito bem preparado para o debate", comenta Gina.

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Com a metodologia de ensino que proporcionou aos estudantes conhecer figuras femininas inspiradoras e que tiveram um grande impacto no Brasil ou no mundo por meio de biografias e livros, a professora diz ter se surpreendido com o envolvimento de seus estudantes com as histórias dessas mulheres. "Em um primeiro momento, eles não faziam ideia de quem elas eram, mas, depois, ficaram impressionados com o fato de que elas tinham realizado feitos incríveis", afirma.

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Para a realização e a expansão do projeto, ela conta que foi necessária a ajuda do governo do Distrito Federal, da Assessoria Internacional do GDF e da Secretaria de Estado de Educação. Todo o apoio foi possível após o projeto conquistar o prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, em junho de 2016.


"Nós fomos convidadas a participar de um evento promovido pela Assessoria Internacional do Governo do Distrito Federal, o 'Brasília, cidade internacional', que tinha por objetivo dar visibilidade às boas práticas na cidade, que, de alguma maneira, tivessem atingido projeção internacional. Naquela ocasião, havia um representante da Corporação Andina de Fomento, a CAF, um banco de desenvolvimento da América Latina e, já ali, ao ouvir a apresentação, ele manifestou o desejo de investir recursos na ampliação do projeto", recorda Gina.

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Mesmo sendo ainda muito recente e precisando de um planejamento de longo prazo, a professora expressa o desejo de que o projeto cresça cada vez mais e inspire educadores a fazerem práticas parecidas nas escolas de todo o País. "Na verdade, o que temos percebido é que depois da visibilidade alcançada pelo Mulheres Inspiradoras, muitos educadores sentiram-se encorajados e incentivados a levar o tema para as suas salas de aula. Já há, em Brasília, vários projetos criados a partir dele e isso nos alegra muito, porque nós acreditamos que é no trabalho pedagógico, no chão da escola, que acontece a mudança que nós desejamos na vida das crianças e dos adolescentes."


O tema

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Assuntos polêmicos como machismo e feminismo nem sempre são debatidos nas salas de aula, por gerarem desconforto tanto aos professores como aos alunos. Segundo a professora Gina, é essencial que este tipo de assunto seja debatido, para incentivar o engajamento dos jovens e a maior participação em assuntos discutidos pela sociedade.


Gina Vieira Ponte fala animada sobre o resultado de seus debates com os estudantes, "O resultado foi além do esperado. Porque, além de propor um debate sobre a importância de todos nós trabalharmos em favor da equidade de gênero, porque todos ganhamos com ela, eu queria que os estudantes refletissem sobre a identidade deles, sobre a sua própria história, a história das mulheres que fazem parte da família deles. Eu também desejava inseri-los em uma proposta pedagógica que estivesse alinhada com a ideia de formação para os valores plurais e como protagonismo juvenil. E, felizmente, eu os percebi muito engajados, muito envolvidos com os debates e as atividades propostas".

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Como desenvolvimento do projeto, após ler as biografias e dabater os principais assuntos em sala de aula, os alunos tiveram que escolher alguma mulher inspiradora que fizesse parte de suas vidas e entrevistá-la. Gina se surpreendeu muito com o quão valioso foi para os estudantes poder contar a histórias de mulheres próximas a eles. "A maioria dos estudantes voltava do processo de entrevista muito feliz, orgulhosos por saber que a mãe, a avó, a bisavó têm uma trajetória de lutas, de resiliência, de superação. Eles obtiveram detalhes das narrativas dessas mulheres que lhes deu condições de compreenderem melhor a própria história", avalia a professora.


Ao fim do projeto piloto, que foi implantado no Centro de Ensino Fundamental 12, na Ceilândia, as histórias escritas pelos estudantes foram transformadas em um livro. "À medida que eu lia as narrativas daquelas mulheres, registradas nos textos dos estudantes, eu percebia que a história de Ceilândia, nossa cidade, estava sendo apresentada. Entendi que aquele material era precioso demais para ficar engavetado. Concluí que publicar o livro cumpria vários propósitos: valorizava o trabalho dos estudantes, preservava e dava visibilidade às mulheres alcançadas pelo projeto, contribuía para o registro de um outro olhar sobre a história da nossa cidade, funcionava como um mecanismo de fortalecimento da identidade de outras mulheres que passaram por experiências similares às narradas no livro e, por fim, oferecia subsídios importantes para o debate sobre como o machismo se manifesta em nossa cultura, porque, em quase todas as histórias apresentadas, há a incidência do machismo", comenta Gina.

A expansão do projeto foi anunciada recentemente e ainda está em processo. A professora, além de prêmios conquistados pela atitude pioneira, inspirou educadores de diversas partes do País a procurarem formas alternativas de ensino de assuntos socialmente debatidos.
"Quando nós vinculamos os saberes formais à nossa vida, aos problemas que vivenciamos, o processo de aprendizagem se torna mais significativo, mais vibrante, os estudantes atribuem sentido ao que estão aprendendo e o processo pedagógico se torna mais rico. Nesta perspectiva, não se aprende apenas para passar em uma prova. O aprendizado é para a vida, serve se subsídio para a construção de grandes projetos de vida", finaliza Gina Ponte.


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