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À flor da pele

Acne afeta jovens, mas também surge em outras fases

Agência Estado
28 set 2010 às 11:54

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A acne piora no período pré-menstrual e durante a menstruação; já a gestação pode melhorar ou agravar o quadro clínico do problema - Reprodução
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Autor do livro ''Acne Tem Cura'', da editora Globo, o dermatologista Otavio Macedo fala sobre o incômodo problema que não tem idade para surgir, em homens e mulheres.

O que causa a acne?

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Os quatro elementos básicos que envolvem a formação da acne são: queratinização anômala (ou seja, o padrão de formação da queratina nos poros é alterado); hipertrofia das glândulas sebáceas devido à atividade e estímulo dos andrógenos (hormônios masculinos), tornando-as maiores que o usual; a proliferação de micro-organismos que provocam a inflamação característica da acne, sendo o propionibacterium acnes (um tipo de bactéria) o agente infeccioso mais comumente envolvido. Por sua vez, a atividade de bactérias nessa produção excessiva de sebum (o sebum é uma mistura de lípides, ou seja, ''gorduras'' como ácidos graxos e colesterol) libera substâncias irritantes, que causam a inflamação.

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Quais as características da acne nas mulheres?

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No sexo feminino, a acne juvenil pode preceder a primeira menstruação em mais de um ano. Verifica-se a piora da acne no período pré-menstrual e durante a menstruação. A gestação pode melhorar ou agravar o quadro clínico da acne. Nas mulheres, as lesões podem persistir por mais tempo, ultrapassando os 25 a 35 anos. Não, necessariamente, a acne da mulher adulta está relacionada a ovários policísticos. Muitas vezes, há padrões hormonais normais sanguíneos e ultrassom sem a presença de cistos e, mesmo assim, existe a acne. O que pode ocorrer, no caso, é uma predisposição genética à hipersensibilidade periférica aos andrógenos, ocorrendo a produção de mais sebo e comedões (cravos). Por isso, os tratamentos com antiandrógenos são eficazes - tais como espironolactona, acetato ciproterona, certos anticoncepcionais -, pois atuam somente a nível periférico, neutralizando o efeito dos andrógenos apenas nas glândulas sebáceas.


E nos homens?

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Eles parecem apresentar maior tendência para desenvolver acne, e as manifestações clínicas costumam ser mais intensas. Em contrapartida, não se sabe porque a acne é mais resistente em mulheres. Aos 40 anos, há lesões significantes em 1% dos homens e 5% das mulheres.


Quais os graus da acne?

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A acne pode ser classificada em 4 graus: no grau 1, há predominância de comedões (cravos). São utilizadas medicações tópicas como retinóides, alguns sabonetes abrasivos e esfoliantes leves. A limpeza de pele e outros tratamentos como a luz azul também podem ser de grande auxílio. No grau 2, ocorrem as espinhas, associadas também aos comedões. Nesta fase, entram os tratamentos recomendados para acne grau 1, combinados a outras substâncias. Também são indicados antibióticos e contraceptivos orais em alguns casos. O uso da luz azul e Leds é muito útil neste grau. A luz azul ajuda a diminuir a população da bactéria causadora da acne. No grau 3, além das espinhas e cravos, surgem as lesões nódulo-císticas (as famosas espinhas internas), bastante dolorosas. O tratamento inclui os mesmos recursos utilizados na acne graus 1 e 2, sendo que o uso de antibióticos, contraceptivos orais e outras medicações via oral são indicados com maior frequência. Dependendo da inflamação das lesões, se severas, podem ser realizadas infiltrações de corticoide e, nos casos refratários, pode ser indicado o tratamento com isotretinoína sistêmica (medicamento derivado da vitamina A). No grau 4, há as mesmas lesões dos graus 1, 2 e 3, associadas a cicatrizes. Valem os mesmos recursos indicados para os graus 1, 2 e 3, e o uso de lasers. Em alguns casos, associamos com preenchimento de ácido hialurônico e peelings químicos. Aqui, o tratamento com isotretinoína sistêmica é indispensável, o mais cedo possível, para reduzir as manchas e cicatrizes de acne no futuro.


A alimentação pode agravar o quadro?

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A influência da alimentação é discutível, podendo, quando muito, ser atribuída a piora à ingestão de excesso de carboidratos. Muitos pacientes associam o aparecimento ou o aumento das espinhas à ingestão de chocolate, frituras ou frutas ácidas. Não há evidências científicas de que a ingestão de determinados alimentos seja a causa direta do aparecimento de espinhas ou de que a eliminação de certos alimentos da dieta seja diretamente responsável pela melhora da acne. O ideal é uma alimentação balanceada, excluindo-se algum alimento que o paciente relacione à piora da acne.


O uso de produtos oleosos na pele agrava o quadro?

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Cremes, pomadas e cosméticos oleosos podem agravar a acne, ''tampando'' os poros da pele, ocasionando o que chamamos de ''acne cosmética'', frequente em mulheres que usam cremes importados (com textura mais densa). É indicado o uso de cosméticos tipo gel, ou com característica matificante, que não deixam a pele oleosa nem obstruem os poros.


Que tipo de procedimentos não se deve fazer em casa?

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Não usar cremes e pomadas sem recomendação médica, assim como substâncias que possam provocar irritação ou até alergia, como álcool, creme dental, derivados de arruda e outros. A manipulação das lesões de acne pode acentuar o processo inflamatório ou acrescentar elementos que contribuem para piorar o quadro infeccioso, assim como pode favorecer a produção de cicatrizes e pigmentação.


Tomar sol é bom ou ruim para a pele com acne?


A exposição solar moderada pode melhorar a pele, mas o abuso, sem protetor solar em gel, vai agravar ou desencadear formas graves de acne, principalmente quando houver lesões inflamadas. É comum o surgimento ou o início de quadro de acne após o verão, pois o bronzeado é uma forma de proteção da pele à agressão da radiação ultravioleta e, assim, a epiderme engrossa, obstruindo os poros.


Há riscos quando se toma medicamentos por conta própria?


Medicamentos utilizados indiscriminadamente e sem acompanhamento especializado podem piorar a acne, levando a lesões severas, que, se não tratada, podem causar sérios danos.


Os tratamentos são longos?


Sim, por ser a acne uma doença inflamatória crônica, geralmente os tratamentos são longos e os resultados são variáveis, desde a melhora excelente até a parcial ou moderada. Os tratamentos visam à melhora da acne, porém, mesmo os casos tratados com isotretinoína sistêmica, podem apresentar erupções eventualmente. É imprescindível, mesmo com ótimos resultados, um acompanhamento regular para a manutenção desta melhora. E, principalmente, o uso constante de tópicos com um dos retinoides. Isso porque os retinoides tópicos evitam a formação de comedões (cravos), que, se não tratados, evoluem para pápulas e pústulas.


A acupuntura é indicada?

Não é um método específico de tratamento para acne, mas pode ser um coadjuvante no sentido de conter e controlar a ansiedade dos pacientes, que geralmente convivem muito mal com o aspecto das lesões.


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