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Além da vaidade...

Conheça riscos que os produtos de beleza podem oferecer

Fiojovem/Agência Fiocruz de Notícias
04 abr 2011 às 09:26

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Nem sempre as reações alérgicas surgem no local onde o produto foi aplicado, no caso dos esmaltes elas podem ocorrer diferentes partes do corpo - Reprodução
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Esmaltes, tinturas de cabelo, tatuagem, piercing, bronzeamento artificial, escovas progressivas... Quando o assunto é beleza, várias são as opções de produtos e serviços. Mas é preciso estar atento à saúde. O contato com essas substâncias químicas pode causar dermatoses, isto é, doenças de pele, que nem sempre aparecem na área em que o produto foi aplicado. Esmaltes de unha, por exemplo, podem causar manchas, descamação e vermelhidão em diferentes partes do corpo, como rosto, pescoço e colo.

Mesmo quem está habituado a usar determinados produtos, pode passar a ter alergia. Para evitar complicações, esteja atento aos sinais e as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em caso de qualquer reação alérgica, procure imediatamente um médico. Confira a seguir os riscos que cada produto ou procedimento podem trazer.

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Esmaltes

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Os principais componentes dos esmaltes para unhas são os solventes orgânicos, que correspondem a 60% da fórmula. Entre eles, o tolueno é o mais comum. Esse solvente pode causar irritação na pele e, em altas concentrações, atinge até o sistema nervoso central. Por isso, já existem esmaltes sem tolueno (tolueno free). Outras substâncias também causam problemas, como por exemplo o formaldeído, mas o principal agente causador de alergia pelos esmaltes é a resina toluenosulfonamida/formaldeído (RTS/F), que pode aparecer com outros dois nomes: tonsilamina e tosilamida. Esta resina chegou ao mercado de cosméticos em 1938 e está presente em 99% dos esmaltes para unhas fabricados em todo o mundo. Sua característica termoplástica, dá melhor adesão, brilho e fluidez. Mas preste atenção e verifique os rótulos dos esmaltes, mesmo os produtos chamados hipoalergênicos costumam conter essa substância, o que não deveria acontecer.

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Principais reações: as alterações de pele mais comuns são as dermatites, localizadas no rosto, pescoço e parte superior do tórax. No rosto, as áreas mais afetadas são pálpebras, queixo e região ao redor da boca. As lesões variam bastante em tamanho e têm aspecto avermelhado e com descamação. Às vezes, há escoriações. Nas unhas podem ocorrer rachaduras, descolamento da pele, inflamação da cutícula e manchas brancas. Essas alterações frequentemente são confundidas com processos alérgicos a outros produtos ou com micoses, e neste caso, acabam sendo tratadas erroneamente com medicamentos contra fungos.


Escovas progressivas

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As notificações de danos causados por produtos para alisamento capilar recebidas pela Anvisa triplicaram no primeiro semestre de 2009 em comparação com todo o ano de 2008, sendo que na maioria das situações, há suspeita do uso indevido de formol (e também de glutaraldeído ou glutaral) como substâncias alisantes. Para evitar isso, foi criada a Resolução RDC 36, de 17 de junho deste ano, que proíbe a comercialização desse produto em estabelecimentos como drogarias, farmácias, supermercados e lojas de conveniências. Também o formol não é permitido como alisante capilar.


Principais reações: o contato dessa substância na pele ou no couro cabeludo pode causar irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação, vermelhidão e queda do cabelo. O vapor de formol pode provocar também ardência e lacrimejamento dos olhos, falta de ar (asma), tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz. Outros possíveis efeitos para quem usa esses produtos várias vezes são: boca amarga, dores de barriga, enjôos, vômitos, desmaios, feridas na boca, narina e olhos, e, em casos mais graves, câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe, laringe, traquéia e brônquios).

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Tintura para cabelo


Entre as tintas para cabelos, as colorações permanentes são as que mais causam alergia e o principal componente alergênico é a parafenilenodiamina (PPD). Por isso, recomenda-se seguir as instruções da embalagem dos produtos para teste de reação alérgica e a forma correta de aplicação. Outra opção de tintura são as tonalizantes, que possuem risco menor de causar alergia.

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Principais reações: o aparecimento de erupções na pele é mais comum na parte ao redor do couro cabeludo (testa, têmporas e pescoço). Pode ocorrer edema (inchaço) da face, pálpebras e couro cabeludo e casos em que as lesões se espalham para outras áreas do corpo.


Tatuagem

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Todas as etapas da tatuagem oferecem riscos diversos. Na limpeza e depilação da área a ser tatuada há possibilidade de ferimento da pele pela lâmina de barbear, o que facilita a penetração de microorganismos que podem causar infecções. O próprio ato de tatuar é uma agressão, uma vez que se faz necessário o uso de agulhas para introdução de pigmentos na pele, muitas vezes em áreas extensas. Os problemas mais temidos são surgimentos de cicatrizes (quelóide) ou reações alérgicas no local tatuado, embora os mais graves sejam os riscos de transmissão de doenças infecciosas, como a sífilis, a hepatite e a Aids. Por isso, é imprescindível procurar um serviço que siga as normas recomendadas pela Anvisa, que faz o controle sanitário dos estúdios de tatuagem. As inspeções são feitas pelos órgãos municipais de vigilância sanitária, que avaliam a estrutura e as condições de higiene dos locais. A legislação brasileira proíbe tatuar as áreas cartilaginosas do corpo.


Principais reações: atualmente os pigmentos de tatuagem usados raramente causam reações alérgicas, mas há casos de dermatite alérgica de contato (eczemas) aos pigmentos mercúrio, cromo, cobalto, cádmio dentre outros. Diante da suspeita de alergia, deve ser consultado um dermatologista que tenha experiência no assunto.

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Piercing


Os riscos da colocação de brincos, argolas, alfinetes e outros adornos em orelhas, nariz, sobrancelha e umbigo são semelhantes aos das tatuagens. Por isto, devem ser adotadas as mesmas medidas de prevenção. A prática de piercing e tatuagem em pessoas com menos de 18 anos é proibida, embora seja permitida a colocação de brincos nos lóbulos das orelhas. É preciso também ter cuidado com as bijuterias feitas de níquel, que podem causar reações alérgicas. Recomenda-se fazer o teste de contato em casos de inflamações nos locais de contato com bijuterias.


Principais reações: pode ocorrer a formação de cicatrizes (quelóide) no local de colocação do piercing, inflamações e em casos mais graves até a deformidade permanente da região.


Câmara de bronzeamento


Promove o bronzeamento artificial pela emissão de radiação ultravioleta (UV), que atua provocando o aumento da pigmentação da pele. O bronzeamento é uma reação de defesa do organismo contra a agressão provocada pela radiação. Ressalte-se que apenas 15 minutos de exposição em cabines de bronzeamento artificial correspondem a um dia inteiro de exposição solar na praia. Este procedimento deixa a pele mais exposta a radiações que são nocivas e por isso as câmeras de bronzeamento têm o potencial de causar câncer de pele. Jovens com menos de 16 anos não podem se submeter ao bronzeamento artificial e entre 16 e 18 anos é necessário apresentar autorização dos pais ou responsável legal. Vários cuidados precisam ser observados, principalmente se os estabelecimentos atuam de acordo com as recomendações da Anvisa.


Principais reações: envelhecimento da pele, manchas e queimaduras, às vezes graves.

Consultoria: Maria das Graças Mota Melo, chefe do serviço de dermatologia ocupacional do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp)


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