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Moda sustentável

Lã que iria para o lixo vira casaco em Campos do Jordão

Folhapress
12 nov 2020 às 09:02
- Reprodução/Pixabay
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A lã natural de ovelhas e carneiros na Serra da Mantiqueira, antes jogada fora por criadores de ovinos, passou a servir de base para a produção de casacos, colchas, capas de almofada, gorros e luvas em projeto social.


O trabalho em Campos do Jordão (a 181 km de São Paulo) traz renda a 38 mulheres que aprenderam a trabalhar com a lã natural. Com a pandemia e os pontos de venda fechados, a maior parte das peças foi comercializada pela internet.

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As técnicas resgatam métodos tradicionais de produção, hoje quase extintos, com a chegada da lã sintética produzida na China a partir dos anos 1990, segundo Juliana Müller Bastos, idealizadora do projeto.

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O projeto Mãostiqueira passou a ser a única fonte de renda para boa parte das mulheres. O valor das peças é variado, de R$ 20 a até R$ 1.500 para as mais elaboradas.

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A lã é doada pelos criadores. As artesãs ficam com ate 50% do valor; o restante todo vai para compra de outros materiais usados nas peças, o custo do prédio e manutenção do projeto.


A maioria das artesãs entrou no Mãostiqueira sem nenhuma técnica ou conhecimento básico, que acabaram adquiridos com o passar do tempo. Elas aprendem todo o processo, desde o beneficiamento do material ao produto final.

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A matéria prima utilizada é a lã natural bruta. O material era descartado por produtores rurais da Serra da Mantiqueira, pois os criadouros focam a produção de leite e a comercialização da carne. Após a tosquia anual, o material agora é doado para a entidade.


A tosquia é feita uma vez ao ano para raças que produzem lã em excesso, típicas de regiões serranas como Campos do Jordão, para deixar os animais mais confortáveis nas épocas mais quentes do ano.

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A doação, porém, só ocorreu após pesquisa com produtores de Campos do Jordão e das cidades vizinhas de Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí. Foram mapeados 20 criadores de ovinos, que possuem cerca de mil ovelhas e carneiros.


Seguindo os passos da mãe, no projeto há três anos, a pedagoga Tatiana Aparecida Carneiro, 37, moradora no Jardim Guararema, entrou no projeto há um ano sem nunca ter manuseado uma agulha.

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Em menos de um ano, aprendeu a produzir mantas, capas de almofadas, golas e até luvas. "Eu não sabia fazer nada, nunca tinha pego uma agulha e lã juntos. Aos poucos fui me envolvendo mais e mais com o projeto. Hoje faço trabalhos maiores. Apesar de ter aprendido diversas técnicas, a feltragem com a lã natural é o que mais me encanta, esse trabalho é um vício", brinca ela, que já foi recepcionista e camareira de hotéis na cidade.


Com o dinheiro, Tatiana diz que paga sua taxa mensal de MEI (Micro Empreendedor Individual) e as contas de casa, além de adquirir lãs e fazer trabalhos por conta própria.

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A dona de casa Regina Rosimeire Pereira da Rosa, 52, conta que investe em si mesma a renda como artesã. "É minha única renda e uso para comprar coisas que toda mulher precisa, como roupas e maquiagens e para meus bichinhos de estimação, além das necessidades básicas de casa".


Regina, que está no projeto desde o início, há quatro anos, produz mantas de tunisiano, feltragem e crochê, entre outros artesanatos. "No começo eu fazia fuxico e várias coisinhas simples. Depois fui me aperfeiçoando com as técnicas", recorda-se.

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A ideia do Mãostiqueira nasceu em 2015, mas tomou forma no ano seguinte. Em 2017 foi inaugurada a Casa Mãostiqueira, quando foram iniciados o atendimento e demonstração ao público. Atualmente, a casa funciona no Parque da Lagoinha, local revitalizado e cercado por araucárias, onde é feita a venda dos artesanatos.


Os visitantes, a maioria turistas, têm a oportunidade de acompanhar uma demonstração do processo de beneficiamento da lã na casa. Eles recebem informações sobre a importância da tosquia para grande parte das raças de ovelhas e assistem a uma apresentação da lã em cada uma das etapas (suja, lavada, aberta).


"Escovamos a lã para o visitante perceber a necessidade de as fibras estarem alinhadas e fiamos em um fuso e na roca para demonstrar a facilidade que essas fibras curtas [cerca de 10 cm] têm em se transformarem em fios quilométricos", diz Juliana.

Nos encontros semanais que ocorriam antes da pandemia, o projeto capacitava as artesãs nas técnicas de tricô, crochê, tear e feltragem. Todo o material, como lãs, agulhas e teares, é disponibilizado pelo Mãostiqueira. Com a pandemia, as mulheres trabalham em casa, de acordo com a demanda das encomendas feitas pela internet.


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