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Tem que se virar!

Moda se reinventa com máscaras e moletons durante a pandemia

Diego Garcia - Folhapress
27 jul 2020 às 09:49
- Reprodução/Pixabay
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Mesmo durante a maior crise da história do setor têxtil, que registrou recuo recorde em sua produção industrial durante o avanço da Covid-19 no Brasil, o segmento vem tentando se reinventar.

Entre as empresas do setor, 70% afirmam que criaram novos produtos durante a pandemia, assim como 80,9% adotaram novos meios de vendas, segundo estudo do Ibre/ FGV antecipado à reportagem.

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Itens confortáveis, como peças de moletom, pijamas e pantufas, artigos que possam ser utilizados tanto dentro de casa quanto em uma reunião online, assim como máscaras, materiais antivirais ou de proteção, estão entre as apostas do setor têxtil no período de pandemia.

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Já o comércio online se multiplicou. Os produtos passaram a ser vendidos ao vivo, pelo WhatsApp, em redes sociais e até via drive thru.

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Para Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis), o momento sanitário é desafiador para o mundo dos negócios e acelera transformações nas empresas que conseguem captar alterações de comportamento causada pelo distanciamento social.


"Tudo que é digital se acelerou, pois a pandemia trouxe novas necessidades que abriram frentes no mercado", diz.
Pimentel explica que uma série de companhias têm anunciado transformações, especialmente mudanças voltadas à produção de produtos de proteção. Na lista estão linhas de máscaras, materiais sustentáveis e insumos para evitar a proliferação de vírus.

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Com as mudanças, as vendas, segundo ele, explodiram, principalmente nas empresas que já estava preparadas para vender pela internet."Quem não estava digitalizado, infelizmente, passou por momentos difíceis", afirma.


A estimativa do setor é que, atualmente, até 4% do comércio das indústrias têxteis seja virtual, mas é provável que isso alcance 35% em dez anos.

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"É grande o movimento de reinvenção para faturar e atender ao consumidor empobrecido ou em quarentena", apontou o presidente da Abit.


A Farm, que desde 1997 desenvolve produtos voltados principalmente ao público feminino, com estampas floridas e de animais, foi uma das empresas que apostaram em novas técnicas de vendas.

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A empresa apresentou, na segunda-feira (20), sua primeira loja 100% interativa e digital, com atendimento, em tempo real, de colaboradores voltados à produção de moda.


No lançamento, a companhia apresentou novas peças, shapes e estamparia. Chegou a ter o acesso simultâneo de 7.000 pessoas na live feita pela nova plataforma.

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Outra iniciativa foi a criação de uma linha de 50 mil máscaras para doação, a partir do reaproveitamento de tecido de lojas que estiveram fechadas na quarentena.


A DeMillus, referência em roupa íntima, converteu parte de sua linha de produção na fábrica do Rio de Janeiro para criar uma coleção de máscaras. Por R$ 9,99 cada uma, foram vendidas mais de 4 milhões de peças durante a pandemia do novo coronavírus.

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O sucesso fez a empresa buscar novas tecnologias para desenvolver mais artigos com tecidos de proteção antiviral, segundo Viviane Figueiroa, superintendente de marketing da marca.


Produtos com proteção antiviral também viraram o foco da sapateira Virginia Barros, que vai inaugurar em 20 de agosto uma nova loja em São Paulo lançando seu primeiro sapato com tecnologia do gênero, além de máscaras e produtos antibacterianos.


Além do foco em proteger o usuário, as indústrias têxteis direcionaram a produção para o conforto dos clientes que, em razão da pandemia, ficam mais em casa.


Grandes redes ouvidas pela reportagem apostaram no lançamento de produtos com tecidos aconchegantes e na transformação digital das marcas, aderindo a vendas por novas plataformas, aplicativos e redes sociais.


A C&A, por exemplo, registrou no segundo trimestre de 2020 recordes no e-commerce, com alta de 2.034% nas buscas por pantufas, 656% por moletons e 1.183% por pijamas.


Os desejos e hábitos de compra da consumidora brasileira mudaram. Ela procura uma moda ainda mais pessoal, que atenda suas necessidades e valorize a comodidade e conforto", diz o vice-presidente de operações da marca, Fernando Brossi.


A Hering lançou itens nessa linha de produção e teve um giro superior a 85% na semana de lançamento, com várias peças sendo totalmente vendidas. "Os produtos mais procurados são associados ao moletom, ao esportivo e ao conforto", afirma Thiago Hering, diretor-executivo de negócios.


Segundo ele, uma das principais evoluções da empresa no período será nos centros de distribuição, para atender com mais agilidade às demandas do novo consumidor.


Marcella Kanner, responsável pela comunicação corporativa e de marca da Riachuelo, aponta que o distanciamento social fez a empresa triplicar o tráfego em seu site oficial, com 2 milhões de downloads do aplicativo da marca nos dois primeiros meses da crise.


A empresa apostou em camisetas e máscaras de proteção para adultos e crianças, estampadas com mensagens positivas, e kits de máscaras com preços acessíveis, a R$ 2,95 cada uma.


A Renner, por sua vez, observou, em abril, que uma média de 30% dos clientes que entraram em contato pelo WhatsApp finalizaram a compra, ainda por valores superiores aos observados nos demais canais digitais. Os meios de compra online da companhia tiveram crescimento de 32,9% no primeiro trimestre de 2020 e superaram a casa dos três dígitos nos últimos meses. Em abril, o aplicativo da marca atingiu 1 milhão de downloads, 164% a mais que o mesmo período do ano passado.


As apostas das companhias em inovação nas formas de vendas são principalmente em serviços de drive thru, comercialização por WhatsApp e redes sociais, como o Instagram, além do desenvolvimento de novas plataformas digitais.


É unânime entre as redes que o comportamento e os hábitos dos consumidores mudaram. Elas pretendem expandir os investimentos no ambiente online e de integração com os clientes e apostar ainda mais em projetos virtuais daqui em diante.


Perdas históricas


Os desenvolvimentos de novos artigos e formas de vendas surgem como alternativa para superar um período difícil no setor dos vestuários.


De acordo com dados do IBGE, a fabricação de produtos têxteis caiu 51,1% em abril e mais 46,5% em maio, as piores perdas da história do setor. Já o comércio nos segmentos de tecidos, vestuário e calçados registrou, de março para abril, uma queda 60,6%.


O recuo fez com que a Abit estimasse que até 80 mil postos de trabalho formais sejam perdidos até o fim de 2020. O número de demissões só não será maior porque muitas companhias aderiram à MP (medida provisória) 936, que autoriza o corte de salários e jornadas de trabalhadores.


A projeção das indústrias têxteis no momento é a de que o faturamento seja abaixo de 70% do que seria esperado antes da pandemia.


"Nossa expectativa de queda hoje está em torno de 14% na área de têxtil para o lar e decorativo, e mais 18% na área de moda. Esses números significam perder, apenas em um ano, mais do que perdemos em dois anos na recessão de 2015 e 2016", disse o presidente Fernando Pimentel.


Para André Macedo, gerente da pesquisa industrial mensal do IBGE, o recuo no segmento têxtil seguiu o movimento da indústria como um todo, com maior frequência de unidades produtivas paralisadas. Também acompanha o movimento de queda observado no setor de vestuário, que reduziu a produção por conta da menor demanda.


"Esse segmento é muito atrelado à demanda doméstica e evolução da renda. Com o aumento no número da taxa de desocupação, e a consequente redução na massa salarial, é natural que esses segmentos voltados ao consumo doméstico mostrem algum tipo de perda", disse.


Só em maio, a pandemia aniquilou 7,8 milhões de empregos, segundo o IBGE.


Macedo analisou, porém, que, com as flexibilizações das medidas restritivas de distanciamento social ocorridas pelo país, o setor industrial como um todo tende a mostrar algum grau de melhora.

"A grande questão é se a indústria, inclusive a têxtil, conseguirá recuperar as perdas e, se conseguir, em quanto tempo isso ocorrerá", disse o gerente do IBGE.


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