Nove entre 10 brasileiras são assediadas ou incomodadas por meio de ligações telefônicas ou mensagens, sendo que uma a cada oito recebe conteúdo sexual ou impróprio. É o que revela a nova edição do relatório Truecaller Insights, elaborado pelo Truecaller - aplicativo gratuito que permite detectar e bloquear números indesejados - com base em pesquisa realizada em países como Brasil, Colômbia, Índia, Egito e Quênia.
Para marcar o Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo domingo, 8 de março, e promover a conscientização sobre o tema, o Truecaller também acaba de lançar uma campanha em vídeo. O material reúne depoimentos reais de mulheres que sofreram com esse tipo de abuso. De acordo com a pesquisa, apenas 8,3% das brasileiras identificam abordagens desse tipo como situações de assédio.
O estudo também indica que esses casos são mais comuns nas regiões metropolitanas. Os Estados mais afetados pelo problema são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. No Brasil, 56% das chamadas de assédio são de origem desconhecida, enquanto 27% são feitas por indivíduos que cumprem pena dentro de presídios. Segundo o estudo, muitos detentos costumam fazer ligações aleatórias quando conseguem acesso a um celular e, ao serem atendidos por mulheres, tentam assediá-las.
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Reação ao assédio
Outro aspecto investigado pelo estudo do Truecaller foi a reação das brasileiras nos momentos em que são assediadas, principalmente diante de insinuações com caráter sexual. Segundo a pesquisa, os sentimentos relatados foram: irritação (55%), raiva (46%), medo (14%), ansiedade (13%) e preocupação (9%). Entretanto, apenas seis em cada dez mulheres costumam tomar alguma providência diante do problema.
Entre as mulheres que afirmaram terem tomado alguma medida, 70% bloquearam o número de quem as incomodava, enquanto 53% apenas ignoraram as chamadas e mensagens. Alterar a configuração do telefone para bloquear chamadas desconhecidas foi a opção para 31%. Já 15% pediram ajuda de suas respectivas operadoras. Apenas 6% denunciaram o problema às autoridades.
Cenário internacional
Nos outros países onde o estudo do Truecaller foi realizado, foram identificados os seguintes aspectos:
Chamadas de assédio
• Colômbia: 6 entre 10 mulheres
• Egito: 9 entre 10 mulheres
• Quênia: 9 entre 10 mulheres
• Índia: 8 entre 10 mulheres
Chamadas e mensagens de cunho sexual
• Colômbia: 1 entre 10 mulheres
• Egito: 1 entre 3 mulheres
• Quênia: 1 entre 5 mulheres
• Índia: 1 entre 5 mulheres
Mulheres que identificam a situação como assédio
• Colômbia: 17%
• Egito: 35%
• Quênia: 11%
• Índia: 58%
Origem das chamadas
• Colômbia: 85% desconhecida e 6% conhecida
• Egito: 98% desconhecida e 1% conhecida
• Quênia: 53% desconhecida e 47% feitas por detentos
• Índia: 76% desconhecida e 4% conhecida
Metodologia
Essa pesquisa foi conduzida pelo Truecaller com o apoio da Ipsos na Índia, Brasil, Colômbia, Egito e Quênia. A Ipsos utilizou uma abordagem móvel para coleta de dados e o mesmo questionário foi usado em todas as regiões investigadas. Porém, em países como Brasil, Colômbia e Egito, o questionário foi traduzido para o idioma local com pequenos ajustes de localização.
A pesquisa foi realizada no período de 22 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020. O tamanho da amostra variou de mil a 3324 mulheres para cada mercado na faixa etária de 18 a 40 anos e mulheres nas classes socioeconômicas A, B, C1 e C2.
Todas as entrevistas pessoais não foram escritas e foram localizadas. Algumas entrevistadas receberam uma pequena taxa de gratuidade para cobrir as despesas de viagem e o tempo gasto. Algumas também optaram por permanecer anônimas com o intuito de proteger a sua identidade.