Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Cancelamento

BBB 21 escancara disfunções ocultas que demandam soluções urgentes 

Débora Mantovani - Estagiária*
18 fev 2021 às 15:49
- Reprodução/Facebook
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

"Lá na terra dessa pessoa é normal falar assim.” Desta maneira, começou a declaração da rapper Karol Conká, no Big Brother Brasil 21, que a fez perder, pelo menos, 500 mil seguidores no Instagram nos primeiros dias de fevereiro. "Eu sou de Curitiba. É uma cidade muito ‘reservadinha’ (...) Tenho muita educação para falar com as pessoas.” 


A cantora fez esta afirmação após se desentender com uma coparticipante no programa da TV Globo, a advogada Juliette Freire, que é paraibana. Com teor xenofóbico, a fala causou revolta nas redes sociais, impulsionando a queda na popularidade da rapper. 

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Comportamentos não apenas de Karol Conká, mas de outros participantes da atual versão do BBB, evidenciam e trazem à tona a política do cancelamento, que começou e segue muito forte na internet. Porém, se o modo de agir de alguns brothers e sisters choca e provoca revolta em quem está vendo tudo da telinha, também pode servir para levantar a reflexão sobre as próprias atitudes que temos em relação aos outros.

Leia mais:

Imagem de destaque
Saiba mais

Entenda o que é Tranca Rua, citado em projeção de Ludmilla

Imagem de destaque
Compartilhar Meu Date

Tinder lança recurso que facilita divulgação de informações sobre encontros

Imagem de destaque
Jogou R$ 10 mil

Influenciadora faz 'chuva' de dinheiro e gera tumulto em Balneário Camboriú

Imagem de destaque
33,6 milhões de segurados

INSS começa a pagar primeira parcela do 13º nesta 4ª; veja calendário e como consultar o valor


"Eu fiquei bastante chocado [com a fala de Karol Conká]”, conta o cantor e influencer das redes sociais Matheus Mozer, 25, do interior do Maranhão. "Eu acho que essa xenofobia é praticada por meio de micro agressões que, se você não prestar atenção, passam despercebidas. Tem coisas que estão muito intrínsecas nos comportamentos”, pontua. 

Publicidade


Mozer mora na capital paulista desde 2016 e conta que frases que denotam preconceito contra nordestinos ainda são muito recorrentes, como referir-se a pessoas vindas do Nordeste, que tem nove Estados, como "paraíba”, ou classificar algo brega como "coisa de baiano”. "E, às vezes, [os paulistanos] reproduzem isso sem nem pensar”, comenta. 


O cantor alerta que estas frases carregam um discurso de discriminação, que deve ser combatido, e conclui que a xenofobia ainda existe, principalmente por não ser amplamente discutida. 

Publicidade


A mestra em Ciências Sociais e doutoranda em Sociologia Lina Ferreira explica de onde vêm tais comportamentos. De acordo com ela, a xenofobia, assim como outros tipos de discriminação, está baseada na ideia de uma superioridade moral de um grupo sobre outro. "Falas como estas revelam um valor muito específico, a crença de que as práticas e os costumes da comunidade socioespacial a que pertenço são superiores às outras”, afirma. 


Ferreira revela, porém, que os pensamentos e estereótipos são apenas consequência de disfunções maiores. "O problema se aprofunda quando a discriminação com determinados grupos regionais se converte em padrões de desigualdades e diminuição das oportunidades dos grupos estigmatizados”, explica. 

Publicidade


"No caso brasileiro, temos observado, historicamente, a construção estigmatizada do ‘nordestino’, que não condiz com toda a diversidade cultural e a riqueza simbólica e material produzida pelas pessoas que pertencem aos diferentes Estados que constituem aquela região do país. Esta caricatura é recorrentemente acessada para justificar as desigualdades socioeconômicas ou mesmo reforçá-las”, explica a socióloga. 


O empresário e influencer londrinense Gabriel Morente, que mora em Curitiba há cerca de cinco anos, acredita que Karol Conká foi injusta ao citar o povo curitibano numa declaração preconceituosa. "Sempre fui muito bem recebido [pelos curitibanos]”, afirma. 

Publicidade


Segundo Morente, alguns moradores da capital paranaense podem ser "reservados”, mas este não é um comportamento que deva ser vinculado à educação. "É realmente triste ver que ela quis associar o povo de Curitiba, que é um povo tão querido, a uma fala tão xenofóbica”, pontua. 


Continue lendo em:
(Parte 2): Em meio às lutas anti-opressão, militantes também incorrem em erros
(Parte 3): Política do cancelamento: a nova cultura da internet 
(Parte 4): Desprezo e afastamento, o cancelamento ‘à moda antiga’ 

*Sob supervisão de Fernanda Circhia e Luís Fernando Wiltemburg


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade