Apesar de conhecidos pelos malefícios que podem causar à saúde das pessoas, os ratos foram e ainda são importantes para a evolução da espécie humana.
Você sabia? No dia 4 de abril é celebrado o Dia Mundial do Rato. A data foi instituída em 2002 com o objetivo de romper preconceitos contra o roedor e fazer com que sejam reconhecidos também como animais de estimação.
Membro da Federação Europeia de Neurociência, o PhD neurocientista e neuropsicólogo Fabiano Abreu, aproveita a data para propor uma reflexão acerca dos papéis sociais que essa figura representa na história humana. Para o estudioso, o rato pode ser visto tanto como vilão, quanto como herói da raça humana.
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Abreu convida a analisar, por exemplo, o papel do rato no contexto da peste bubônica. "Neste cenário histórico, que é amplamente conhecido por se tratar de uma epidemia que matou aproximadamente 25 milhões de pessoas na Europa, entre 1347 e 1351, o rato assume um lugar de vilão. Além disso, os ratos são portadores de mais de 35 doenças transmissíveis aos homens e aos animais domésticos, condição que sustenta ainda mais a má fama desses pequenos mamíferos entre os humanos ", pontuou.
No entanto, ele explica que seria errado definir os roedores com esse rótulo sem antes reconhecermos que existe outro protagonismo importante exercido por estes animais na humanidade: o de cobaia das ciências.
"Grandes avanços na saúde pública foram propiciados à humanidade, graças à utilização destes animais na pesquisa científica. Um dos exemplos está na descoberta e no controle de qualidade de vacinas. Os testes em ratos também foram essenciais para a descoberta de anestésicos, de antibióticos, anti-inflamatórios, antidepressivos, quimioterápicos, e dos hormônios anticoncepcionais. Perceba que, neste contexto, os ratos passam a ser definidos como heróis”, comentou.
O neurocientista esclarece ainda que um dos motivos do rato ser escolhido para as diversas experiências é pela sua fisiologia ser semelhante à fisiologia dos humanos. "É um grande equívoco e desconhecimento da realidade afirmar que os animais não são mais necessários para a descoberta de novas vacinas, medicamentos e terapias", afirmou.
O dualismo dos roedores
Para Abreu, o único consenso possível é aceitar que, além das semelhanças fisiológicas, os ratos se assemelham aos humanos no que diz respeito a sua existência dualística. "É engraçado pensar que, assim como nós, os ratos não podem ser definidos como vilões ou heróis, porque os papéis que estes roedores exercem no mundo, a partir da dinâmica humana, faz com que eles sejam ambos. A filosofia do dualismo abraça ratos e humanos", conclui em tom de comicidade.