Com cada vez mais brasileiros endividados, buscar alternativas para colocar as contas em dia tem se tornado uma prática cada vez mais comum, principalmente, durante a crise sanitária provocada pela nova onda do COVID-19. Para tentar colocar algumas contas em dia, é possível antecipar a restituição do Imposto de Renda e alguns bancos oferecem linhas de crédito em que o valor do empréstimo é próximo ao ser recebido pela Receita Federal.
Embora possa ser um atrativo para que as pessoas possam colocar algumas pendências em ordem, será que antecipar a restituição é uma boa vantagem? Para Veridiana Lopes, educadora financeira formada pela DSOP, especialista em planejamento financeiro pessoal e criadora do Economia Diária, a operação de crédito pode ser uma vantagem para quem tem clareza sobre o que vai fazer com o dinheiro da antecipação.
"Por ser um empréstimo com juros mais baixos, é possível quitar uma dívida com cartão de crédito que tem uma taxa de juros muito maior, por exemplo. O ideal é fazer um planejamento financeiro para saber qual vai ser a melhor estratégia com o dinheiro da antecipação do Imposto de Renda. Só vale a pena antecipar se a pessoa tem a clareza do objetivo sobre a utilização do dinheiro”, avalia a especialista.
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Na prática, a antecipação do imposto de renda nada mais é do que um empréstimo em que a instituição financeira antecipa um valor que sabe que o correntista receberá no futuro. Por ter garantia, a taxa de juros cobrada é mais baixa. Mesmo sendo atrativa a possibilidade de adiantamento do valor da restituição, vale ficar atento às taxas de juros e condições financeiras.
"Geralmente, a taxa de juros de cartão de crédito ou cheque especial ultrapassam os 10% ao mês. Fazer uma avaliação antes de fazer a antecipação é essencial para o consumidor. Além disso, a pessoa precisa entender o atual momento financeiro, estar organizada e pronta para assumir essa dívida”, ressalta Veridiana Lopes.
De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas alcançou 66,7% em fevereiro de 2021, uma alta de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 1,6 ponto em comparação a fevereiro do ano passado. Com o terceiro aumento seguido, o endividamento no Brasil alcançou a maior proporção desde outubro de 2020.