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Pandemia exige maior investimento em prevenção de acidentes e segurança do trabalho

06 abr 2021 às 15:27


Durante o mês de abril, órgãos públicos e instituições engajadas nas questões relativas aos acidentes de trabalho aderem à campanha Abril Verde, uma forma de promover a conscientização sobre a importância da segurança e da saúde do trabalhador brasileiro. O mês foi escolhido porque o dia 28 é dedicado à memória dos acidentados e de doenças do trabalho. Em 1969, uma explosão de uma mina da cidade de Farmington, na Vírginia, Estados Unidos, matou 78 trabalhadores, caracterizando o episódio como um dos maiores e mais conhecidos acidentes trabalhistas da humanidade.

Por isso, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) apoia a campanha com o objetivo de mobilizar a sociedade para a prevenção das doenças decorrentes do trabalho, bem como valorizar a atividade dos profissionais de Engenharia de Segurança do Trabalho. A iniciativa é ainda mais importante no momento pandêmico vivido em todo o mundo. De acordo com Engenheiros de Segurança do Trabalho ouvidos pelo Crea-PR, a pandemia tem deixado trabalhadores exaustos, aumentando, assim, o risco de acidentes. Em virtude disso, o investimento em ações e atividades relacionadas à segurança do trabalho são indispensáveis."Estamos no pior momento da pandemia. As pessoas estão cansadas. No ano passado, algumas pessoas ainda estavam trabalhando de casa. Atualmente, a maioria está realizando as atividades normalmente, mas totalmente esgotada psicologicamente e, o pior, com medo de ser contaminado. Isso diminui o foco do trabalhador, aumentando o risco. A pandemia trouxe malefícios na saúde física e mental”, avalia a Conselheira do Crea-PR e Engenheira de Segurança do Trabalho, Elizandra Sartori.


Apesar disso, a pandemia gerou um hábito que o trabalhador não tinha anteriormente: o uso de equipamentos de proteção individual (EPI). "Esse cenário construiu a concientização sobre a necessidade desses equipamentos. Infelizmente, algumas pessoas ainda são resistentes quanto ao uso, apesar de obrigatório, mas podemos dizer que a cultura já foi criada e que nada será como antes”, aponta Elizandra.


Outro fator positivo foi a valorização do profissional de Engenharia de Segurança do Trabalho. Empresas, hospitais e órgãos públicos, por exemplo, tiveram que elaborar planos de segurança para minimizar riscos e gerar ambientes seguros para os trabalhadores. "Observo que muitos profissionais da nossa área passaram a atuar em locais onde não havia acesso antes. Percebi também que empresas não só ligadas à saúde precisaram avaliar possibilidades de contaminação, atividades que só podem ser exercidas por um profissional habilitado e capacitado”, cita.


Por outro lado, muitos profissionais deixaram de atuar em atividades habituais, exigidas pela legislação brasileira em segurança e saúde no trabalho. Em março do ano passado, o Governo Federal publicou a Medida Provisória nº 927, na qual suspendeu a obrigatoriedade da realização de exames médicos ocupacionais, clínicos e complementares, exceto dos exames demissionais. Também foram suspensos, na ocasião, treinamentos periódicos de trabalhadores previstos em normas regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho.


Levantamento realizado pelo Crea-PR comprova o impacto:de 2017 até 2019, o mercado de Engenharia de Segurança do Trabalho vinha numa linha ascendente de emissão de ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) no Paraná. Em 2018, o crescimento foi de 15% em relação ao ano anterior. No ano seguinte, o aumento registrado foi de 11%. Já em 2020, houve redução no número de ARTs: foram emitidas 18.383 contra 21.858 de 2019. A queda foi de 15%. A ART identifica de forma legal, objetiva e rastreável, que a obra e/ou serviço foi planejado e executado por um ou mais profissionais legalmente habilitados pelo Crea, e que cabe exclusivamente a este, ou a estes profissionais a responsabilidade técnica realizados por ambos.

Há profissionais que trabalham com perícias judiciais, elaboração de laudos, documentos e treinamentos em corporações. Por conta dessa medida de restrição, engenheiros ficaram por um tempo parados, embora algumas atividades, hoje com a questão dos agentes biológicos, por exemplo, tenham aberto portas”, comenta a conselheira do Crea-PR.


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