O home office tornou-se a única solução para muitos trabalhos durante a necessidade do distanciamento social. Entretanto, os profissionais têm se preocupado com as longas horas passadas em uma cadeira, já que o trabalhador pode ficar mais de oito horas sentado. Isso significa que há pouco ou nenhum tempo para intervalos de alongamento.
Segundo o Freeletics, aplicativo líder em exercícios físicos e estilo de vida, e o time de eSports Fnatic muitas pessoas ainda lutam para integrar intervalos regulares e movimento em seu dia de trabalho. "Sem mencionar a linha tênue entre trabalho e vida pessoal e o tempo cada vez maior na frente das telas”, destaca Brad Bowie, diretor de condicionamento físico do Fnatic.
Para o especialista, é preciso estar sempre atento à postura e aos hábitos ao longo do expediente em casa. "A maneira como uma pessoa se senta é muito importante, e pode influenciar em consequências por toda a vida”, completa.
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O que acontece com o corpo quando uma pessoa fica sentada por mais de cinco horas seguidas?
Evolutivamente, nossos corpos seguiram o "caminho de menor resistência” o ato de obter efeitos máximos de nossas ações enquanto despende a menor quantidade de energia. "Quando nos sentamos em uma única posição por mais de cinco horas seguidas, nosso corpo vai encontrar a maneira mais fácil de mantê-lo ali, gastando o mínimo de energia ao fazê-lo”, explica Bowie.
Isso significa que o corpo se estabelecerá em uma posição que começará a encurtar certos músculos e, por consequência, alongar outros. "Quando a pessoa finalmente se levantar, esses músculos permanecerão nessa posição, dificultando para alternar entre sentar, ficar em pé, andar, esticar o braço, dobrar-se todas as posições que o corpo deve assumir”, destaca.
A curto prazo, isso pode gerar algum desconforto durante a transição por meio das posturas. A longo prazo, no entanto, isso pode levar a dores consistentes, desequilíbrios posturais ou lesões.
Lidando com os riscos de problemas posturais
"Cada pessoa é diferente porque nem todos se sentam da mesma maneira ou passam pelos mesmos fatores estressantes enquanto estão sentados. Alguns profissionais trabalham com os braços bem abertos e abaixados na mesa, enquanto outros podem ter apenas uma perna tocando o chão e a outra dobrada até o peito ou sob o outro joelho”, explica Bowie. "Cada postura apresenta diferentes fatores de estresse no corpo. Na posição sentada, os músculos posturais disparam para manter os quadris retos, o tronco ereto e a cabeça voltada para a frente”, pontua.
Segundo o especialista, assim que esses músculos começarem a se cansar, o corpo encontrará uma posição em que esses músculos possam descansar e se tornar mais eficientes para continuar com a tarefa nesse caso, permanecer sentado.
Esta posição é conhecida como "Síndrome Cruzada Superior” e é caracterizada pela parte superior do corpo sendo arredondada para a frente e o pescoço estendido para compensar o movimento.
Como vencer a Síndrome Cruzada Superior?
Bowie recomenda fazer pausas. Além disso, o especialista também indica investir tempo em exercícios corretivos. "Eles devem ser uma combinação entre fortalecer os músculos que se alongaram (músculos da parte superior das costas e da frente do pescoço) e mobilizar os músculos que encurtaram (peitoral, deltoide anterior, ‘lats’, bíceps e cervical extensores)”, completa.
O que fazer se é preciso trabalhar sentado o dia todo?
Segundo Bowie, o organismo se desenvolve quando é movido por várias posturas por dia. "Para qualquer pessoa que tenha um trabalho típico das 9h às 18h, eu recomendaria trabalhar em intervalos de micro e macro posturas ao longo do dia”, alerta.
Uma quebra de micro-postura é aquela em que se pode fazer movendo os membros e extremidades para aumentar o fluxo sanguíneo. Pode ser qualquer coisa, desde sacudir as mãos ou esticar as pernas enquanto estiver sentado. Esses tipos de intervalos podem ser feitos a cada 10-20 minutos.
Uma quebra de macro-postura é caracterizada pela mudança completa da postura, e ajuda a quebrar o ciclo que o ato de sentar gera no corpo. Esses tipos de intervalos são melhor utilizados a cada 30 minutos, na melhor das hipóteses, e ao menos a cada 60 minutos, na pior das hipóteses.
Para Bowie. no geral, as pessoas devem mudar sua mentalidade em relação ao ato de trabalhar sentado. "Como sentar é fácil e é tanto uma postura de trabalho quanto uma de descanso, seus efeitos nocivos podem surgir sorrateiramente”, pontua. "Muitas vezes não percebemos que é um problema até que seja tarde e gere uma lesão ou dor consistente. Ouça o seu corpo ao longo do dia e tente mover-se o máximo possível”, finaliza.