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Saiba como escolher boas pagadoras de dividendos

Julia Moura - Folhapress
21 jun 2021 às 08:32
- Pixabay
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Companhias que pagam dividendos regularmente podem ser um bom complemento na carteira dos investidores, mas não devem ser a única estratégia adotada no investimento em ações, apontam especialistas.


Isso porque também é preciso levar a valorização do papel e de seus pares em conta. É possível, por exemplo, que o pagamento de dividendos não supere a desvalorização do papel em um ano, ou até que a constante distribuição de lucros signifique uma falta de investimentos no negócio. Ou seja, o investidor nunca deve olhar apenas para o dividendo na hora de escolher o papel.

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Dividendos são partes do lucro das empresas que elas resolveram distribuir a investidores. A companhia também determina quando o valor será repartido e quais acionistas terão direito ao benefício, dado que os papéis podem trocar de mãos constantemente no mercado.

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"Dividendo é lucro da empresa que não volta para ela. Ou seja, para pagar dividendo, a empresa tem que dar lucro. Se tiver prejuízo, não há dividendo. Além disso, se a empresa está em ciclo de crescimento, ela não vai querer distribuir lucro, vai reinvestir", diz Daniel Bacellar, sócio e diretor da mesa de renda variável da Alta Vista.

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Além de ações listadas na Bolsa brasileira, BDRs (recibos depositários de ações brasileiras) também pagam dividendos. BDRs são negociados na B3 da mesma forma que ações. Eles permitem o investimento em ações listadas em outros países por meio de um recibo emitido por um banco. Além da variação diária do papel correspondente no exterior, o BDR reflete a flutuação do câmbio.


Para analisar apenas o dividendo, o mercado usa o indicador dividend yield, que mostra a rentabilidade de uma empresa apenas com o pagamento de dividendos. No seu cálculo, o dividendo por ação é dividido pela cotação da ação mais negociada (ordinária ou preferencial) antes da distribuição dos dividendos –último dia antes do papel ficar ex-dividendo– multiplicando o resultado por 100.

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Na hora de comparar empresas, porém, é preciso atenção, já que empresas com ações mais baratas podem dar a ilusão de pagar mais dividendos que empresas com uma cotação mais elevada, mas um dividendo por ação maior.


Além disso, o dividend yield não indica se a companhia está em um bom momento. Para isso, se deve olhar para os fundamentos da empresa, analisar o balanço e compará-la com pares do setor.

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O Ibovespa, principal índice acionário do país, acumula uma alta de 45% desde junho de 2020, enquanto o Idiv, índice de boas pagadoras de dividendo, sobe apenas 38%.


"A estratégia de dividendos é interessante para ter uma renda passiva e aumentar a receita sem ter que trabalhar mais", diz Luciana Ikedo, sócio-presidente da Ikedo Investimentos.

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Segundo especialistas, o investimento voltado a dividendos deve ser apenas uma parte da carteira focada no longo prazo, com ações cujos dividendos superem a taxa Selic e, de preferência, a inflação.


"O investidor deve ter uma perspectiva de dez anos e escolher empresas com bons fundamentos. A dica é buscar conhecimento", diz Carlos Castro, da Planejar.

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Na hora de escolher, é preciso analisar a empresa como um todo, com atenção especial à gestão, e seu setor, além do histórico e da política de pagamento dos dividendos. As informações estão disponíveis nos sites de relações com investidores das companhias.


Luciana recomenda a escolha de empresas mais defensivas, que tendem a ir bem independentemente do cenário macroeconômico, como empresas de energia, bancos, seguros e serviços essenciais.

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Segundo estudo da MZ Group, cerca de 75% de 250 empresas da Bolsa de Valores brasileira distribuíram dividendos, obrigatórios ou não, em 2020. Dentre os setores com mais empresas pagadoras, estão locadoras de veículos (100%), serviços financeiros (88%) e energia elétrica (80%).


Segundo Bacelar, da Alta Vista, as melhores pagadoras de dividendos geralmente são empresas com muito caixa, ou seja, alta margem financeira, e facilidade no lucro, como em setores com maior concentração, por exemplo. Dessa forma, o investidor deve escolher as companhias que têm boas perspectivas de lucro futuro.


"Distribuir lucros e continuar crescendo é um sinal de que a empresa está saudável, as que não pagam também não são ruins, podem estar reinvestindo para crescer mais", diz Bacellar.


Outro ponto de atenção é que o pagamento de dividendos é descontado do valor da ação e depositado na conta do acionista e não é uma quantia extra que entra no ativo. Assim, a empresa indica o que o mercado chama de "Data Com" e "Data Ex".


A Data Com representa o último dia que o investidor deve ter posição na empresa para poder ter o direito de receber dividendos. Caso ele venda sua participação antes dessa data, não receberá o provento.


Já a Data Ex –ou ex-dividendos– é o dia útil seguinte à Data Com. A partir desse dia, o investidor que comprar a ação não terá direito a receber dividendos por um período. Nesse dia, a ação já iniciará o pregão com o desconto dos dividendos. Por exemplo, se foi distribuído R$ 1 por papel, que estava a R$ 10 na sessão anterior, na Data
Ex a ação inicia as negociações a R$ 9.


Além disso, o investidor deve entender como foi obtido esse lucro que foi distribuído. Pode ser que seja um dividendo extraordinário, que não estava previsto pela empresa, e não recorrente.


A inflação também deve ser levada em conta na olha de analisar o pagamento de dividendos. É desejável que eles fiquem acima do aumento de preços no período.


IMPOSTO DE RENDA

Uma grande vantagem dos dividendos é que eles são isentos de Imposto de Renda, ao contrário dos JCP (Juros sobre Capital Próprio), que têm retenção de 15% na fonte. Ambos são distribuições do lucro de uma companhia.


O ministro Paulo Guedes (Economia), porém, tem planos para mudar isso. Ele já fez menções ao fim do JCP e planeja a tributação de dividendos em uma eventual reforma do IR de empresas com a intenção de aumentar a arrecadação da união, já que companhias usam o JCP como um pagamento livre de impostos.
O governo deve entregar o projeto que muda o IR para pessoas físicas e jurídicas na próxima quarta-feira (23).
A ideia de Guedes é criar uma tributação de 20% sobre a distribuição de dividendos.
"Os dividendos hoje são isentos, e isso faz uma grande diferença em uma carteira que foque renda passiva. Tudo depende da alíquota, mas [o imposto] certamente afetará de forma negativa a rentabilidade dos dividendos", diz Luciana Ikedo.


No caso dos BDRs, ficam com os bancos cerca de 3% a 5% do dividendo que vem do exterior. Além disso, 30% do dividendo é retido na fonte pelo governo americano.
Há também incidência de IR, com uma alíquota progressiva de até 27,5% para valores acima de R$ 1.903,98 ao mês.


Outra diferença é que dividendos recolhidos diretamente nos EUA não podem ser usados para compensação de perdas com ganhos. Ou seja, paga-se imposto no eventual ganho com uma ação mesmo se houver perda de outra ação vendida no mês.


BOAS PAGADORAS DE DIVIDENDOS EM 2021

Anualmente, a plataforma de análise de dados Economatica projeta quais são as ações com potencial de bons resultados em dividendos e de JCP no ano de 2021.


Dentre os critérios para a seleção, estão: volume financeiro médio diário em 2020 superior a R$ 5 milhões, lucro no ano de 2019 e lucro 75% maior nos nove primeiros meses de 2020, com o total anual igual ou superior a 2019. Também é preciso que a ação tenha distribuído dividendos ou JCP em 2019.


Para o cálculo, considera-se ainda que a política de distribuição de dividendos e JCP da empresa no ano de 2021 seja equivalente à de 2020 e ao preço da ação da companhia no último dia de 2020.


É importante destacar que a maior parte dos dividend yields em 2021 ficam menores que os de 2020 por razões matemáticas, dada a elevada desvalorização de ativos no ano passado.


As mais bem colocadas no ranking de boas pagadores são, nesta ordem: energia elétrica, seguradoras, exploração de imóveis e alimentos.


A ação com melhor dividend yield projetado para 2021 é a empresa de exploração de petróleo Enauta, que em 2020 remunerou o seu acionista com dividendos e JCP em 7,14% de dividend yield. Considerando que a empresa mantenha a política de distribuição de dividendos em 2021 equivalente a de 2020, o dividend yield projetado para este ano é de 9,64%.


Quase empatada, há a companhia de transmissão de energia elétrica Taesa, com projeção de 9,63% em 2021. A corretora de seguros Wiz vem em terceiro lugar, com 8,32%.


Com a pandemia, a distribuição de dividendos foi menor em 2020. O Itaú, que era apontado com o maior potencial distribuidor de lucros no ano passado pela Economatica, acabou com dividend yield de 4,67%, ante a projeção de 8,76%, devido à brusca redução de dividendos no setor bancário.


"O ano passado foi ruim de dividendos, mas neste ano a expectativa é muito boa. Os resultados corporativos estão vindo muito bons", diz Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.


Ele aponta que, além das elétricas, bancos, frigoríficos e empresas da construção tendem a distribuir elevados dividendos neste ano.


Até o momento, um das companhias que mais distribuíram lucros aos acionistas é a Taesa, com um dividend yield de cerca de 8,96% em 2021, segundo a Economatica. Acima das expectativas, a Copel (Companhia Paranaense de Energia) vem em seguida, com 8,78%. Minerva fica com o terceiro lugar, com 7,62%.

Segundo Bertotti, a crise hídrica não deve afetar significativamente os dividendos das elétricas, que tendem a ter diversas concessões e fontes de receita. "Não vemos uma situação caótica, de apagão", diz.


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