Mudar um hábito não é fácil. É preciso muito esforço, determinação e, acima de tudo, uma motivação forte. É o caso da população brasileira: para evitar a proliferação do novo coronavírus, as pessoas se viram obrigadas a reorganizarem suas vidas em prol do isolamento social. Nesse processo, uma das principais dificuldades é se adaptar e manter o cérebro ativo durante todo o confinamento.
"A quarentena é muito importante. A orientação é a de ficar em casa, recluso, evitando o contato social direto e reduzindo o risco de transmissão”, ressalta Rubens Gagliardi, presidente da APAN (Associação Paulista de Neurologia). Para manter as funções cerebrais em pleno funcionamento, a indicação do neurologista é realizar atividades físicas e intelectuais.
Andar pela casa, fazer alongamentos, realizar levantamentos de peso (com pacotes de arroz ou feijão, por exemplo), além de ler, estudar e se atualizar são as principais recomendações. "É muito importante não parar. Temos que manter o cérebro ativo, senão ‘enferruja’”, explica o especialista.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Polarização é palavra do ano de 2024 para dicionário Merriam-Webster
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
Estudar um assunto do interesse do indivíduo ajuda a exercitar a memória, a concentração e o foco. Se a pessoa gosta de números, estudar matemática pode ser estimulante. Já se ela se interessa por literatura ou artes, o interessante é ler sobre esse tema.
Aprender uma nova língua, seja ela qual for, também tem impactos muito positivos para o intelecto humano. "Nesses casos, a internet é uma aliada. Uma ferramenta que, quando bem utilizada, propicia uma boa maneira de manter o cérebro ativo”, pontua Rubens.
Pacientes com doenças neurológicas: o que fazer?
Alzheimer, Parkinson, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e outras complicações neurológicas podem causar limitações motoras, sequelas, a necessidade de cuidadores e até mesmo deixar o paciente de cama.
Nessas situações, os riscos durante a quarentena são maiores, mas os cuidados são os mesmos. "A atenção deve ser redobrada, mas a base é exatamente a mesma”, diz o neurologista.
A preocupação maior é com a imunidade: manter uma alimentação saudável e correta, dormir bem e estar descansado, manter atividades físicas, intelectuais e sociais (mesmo que a distância) ajudam no fortalecimento da defesa do organismo e no combate à doença.
Convívio com os idosos durante o isolamento
Já os idosos, aqueles acima de 60 anos, estão no grupo de risco do contágio. Eles são mais propensos a contrair a doença e desenvolver sintomas mais graves, portanto, necessitam seguir a quarentena à risca. "É um grupo que deve fazer zoneamento restrito, bem como evitar contato com pessoas com suspeita de infecção”, destaca e especialista.
Porém, mesmo isolados, os idosos devem se motivar a não parar e manter uma rotina diária de atividades físicas e intelectuais, assim como o resto da população. Os familiares, ainda que a distância, devem apoiar, incentivar e prestigiar essas atividades. Consultar médicos sobre os exercícios mais indicados para os idosos além de motivar o estudo e a leitura são fundamentais no cuidado com a terceira idade.
Para aqueles que moram sozinhos, há ainda a preocupação psíquica, já que o isolamento poderá afetá-los de diferentes maneiras. A sensibilidade dos netos, filhos e sobrinhos em manter a comunicação social por telefone ou até mesmo pela internet é imprescindível para o convívio e a demonstração de afeto para com essa geração.