O carnaval está chegando, trazendo consigo a ideia de curtição sem limites. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e as relações sexuais desprotegidas, comuns a essa época, podem ter consequências que refletirão durante o resto da vida, como uma gravidez não planejada. Confira os cuidados que precisam ser tomados para não acabar tudo em cinzas.
Filhos da folia
Durante esse período do ano, o Ministério da Saúde distribui cerca de 100 milhões de preservativos, popularmente conhecidos como camisinha. Mesmo assim, o esquecimento ou a escolha de não o utilizar é comum entre os foliões. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 73% da população brasileira já teve relações sem o uso de nenhum método contraceptivo em algum momento da vida.
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Como consequência desse descuido, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense revelou que as vendas de testes de gravidez crescem em 15% nas semanas seguintes a data no país.
"Além de evitar uma gravidez indesejada, o uso da camisinha previne a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. Outros métodos de contracepção como DIU (de cobre e hormonal) e pílulas anticoncepcionais, quando usados de forma correta, também são eficazes na contracepção e podem ser associados a camisinha quando há orientação médica, no entanto, apenas a camisinha protege contra as DSTs. É importante lembrar que com ela ambos os parceiros estão protegidos" explica o médico dos hospitais Albert Einstein e São Luiz, José Bento.
Consumo de Álcool
Outro hábito comum aos carnavalescos de plantão é o consumo – muitas vezes exagerado – de bebidas alcoólicas. Além do efeito imediato de euforia e falta de coordenação motora, os impactos desse abuso refletem em diversos órgãos como o coração, estômago e principalmente o fígado.
A hepatologista do Hospital dos Servidores, Cassia Leal, explica que o fígado é o principal responsável por metabolizar as substâncias presentes no organismo. "A curto prazo, as doses excessivas de álcool podem sobrecarregar o órgão, causando uma intoxicação que pode resultar em coma alcoólico. Com o passar do tempo, o consumo pode provocar um quadro de cirrose hepática, que pode progredir para um câncer", explica a especialista. "Estima-se que a ingestão de aproximadamente quatro latinhas de cerveja, três doses de uísque ou vodca, um copo de cachaça e menos de uma garrafa de vinho, diariamente por aproximadamente 10 anos, no caso dos homens, e apenas metade dessa quantia para mulheres, é suficiente para causar a cirrose".
Atualmente, o câncer de fígado mata cerca de 700 mil pessoas ao ano no Brasil, de acordo com o Datasus, por isso é preciso ter moderação e consciência na frequência e quantidade de ingestão.
Estimulantes sexuais
Outro hábito que tem se tornado comum entre os jovens é o uso de estimulantes sexuais. Segundo o Centro de Referência em Saúde do Homem, um a cada cinco jovens já fez uso dessa classe de medicamentos sem prescrição médica. Essa prática é ainda mais recorrente quando há o consumo de álcool já que em excesso, a substância prejudica o desempenho sexual.
"Entre os alcoólatras existe uma prevalência maior de disfunção erétil, isso faz com que eles procurem os estimulantes sexuais como uma alternativa para esse problema. Porém, o uso indiscriminado dessa substância por jovens que não necessitam dessa medicação pode levar a uma dependência psicológica, acreditando que somente dessa forma o desempenho sexual será completo e satisfatório", explica o urologista Eduardo Bertero. Para os cardiopatas, o risco é ainda maior, isso porque as pílulas funcionam como vasodilatadores que podem causar sintomas como pressão arterial baixa e palpitações.
Vale lembrar que embora o feriado seja feito para a diversão, não dá para se esquecer da saúde. Para combater a intoxicação alcoólica, é recomendado alternar o consumo de bebidas com água e evitar o jejum. Já para os namoradeiros de plantão, a camisinha se torna a melhor amiga.