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Templo oferece saúde espiritual, e direito a culto é constitucional, diz líder da Bola de Neve

Anna Virgínia Balloussier - Folhapress
15 abr 2021 às 08:05
- Pixabay
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O STF (Supremo Tribunal Federal) abriu um perigoso precedente quando mandou às favas o artigo 5º da Constituição, que preserva a liberdade religiosa, e deu sinal verde para que estados e municípios barrem atividades religiosas presenciais na pandemia, diz Rinaldo Seixas Pereira, o apóstolo Rina.

Fundador da Bola de Neve, igreja que tem como marca uma prancha de surfe no púlpito, ele afirma que líderes religiosos sérios não se recusam a seguir o protocolo sanitário contra a Covid-19, então não faria sentido tachá-los de negacionistas.

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Rina questiona qual seria a diferença entre uma igreja que ofereça "saúde espiritual em tempos de desesperança" e entrevistas dadas por governadores sobre a crise do coronavírus, com "muito mais aglomeração do que veríamos em qualquer templo religioso".

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Pergunta - O STF decidiu que governadores e prefeitos podem fechar templos na pandemia. O que acha disso?
Apóstolo Rina - É interessante como esse debate tem sido conduzido. De repente, líderes religiosos estão no centro da discussão, com claro objetivo de tachá-los de negacionistas, como se em algum momento eles tivessem se negado a cumprir as medidas restritivas.


Agora, uma coisa é uma ação coordenada com o governo, seja ele federal, estadual ou municipal. Outra, absurdamente diferente, é o fechamento compulsório de templos, impedindo o livre exercício da fé, o que é totalmente inconstitucional. Numa democracia, tem que haver garantias de liberdade religiosa.

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A pauta não é sobre não contribuir com o combate à pandemia. A Constituição é específica ao afirmar ser "inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos". Ainda assim, o STF julgou esse direito violável. Que precedentes são abertos quando aqueles que deveriam ser os guardiões da Constituição a desconsideram, sem ao menos comprovação científica de que o fechamento dos templos religiosos reduzem os riscos de contaminação? A maioria dos cientistas compreende que reduz.


AR - Que diferença há entre os cultos que respeitam todas as normas de restrição e a movimentação que se tem em supermercados, no dia a dia de empresas e serviços essenciais, nos lotadíssimos ônibus e metrôs? Foram cerceados os direitos dos partidos políticos ou dos sindicatos se reunirem? Em quantas entrevistas dadas pelos governadores vemos muito mais aglomeração do que veríamos em qualquer templo?

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Por que a discussão não considerou a já comprovada importância da fé para tempos de desesperança? Por que se desprezou as obras humanitárias realizadas pelas igrejas, que chegam onde o Estado não chega? E se os templos serão fechados, por quanto tempo?


Epidemiologistas dizem que, mesmo seguindo o protocolo sanitário, reunir-se num templo fechado é arriscado.

AR - É uma doença nova, os epidemiologistas divergem entre si. Ninguém tem certeza do que está dizendo, ou a pandemia já estaria controlada. O governador de Nova York declarou que estranhamente 70% das pessoas que pegaram Covid no estado se contaminaram em casa [em maio de 2020, o democrata Andrew Cuomo afirmou que 66% dos hospitalizados diziam ficar em casa quase sempre].

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Ainda que a opinião deles representasse uma verdade absoluta, um culto que respeita limite de ocupação, uso de máscaras e álcool em gel, distanciamento entre os assentos, seria esse um ambiente mais arriscado do que supermercados, bancos, aviões?


A ministra Carmen Lúcia disse que seria até falta de fé manter um templo funcionando nesta fase da pandemia.

AR - Com o respeito que lhe é devido, o que a ministra entende sobre a fé? Poderia ela ter mais propriedade no assunto do que aqueles que entregaram suas vidas para viver e ensinar a fé? O papel dela não é esse, é garantir que a Constituição, e não opiniões pessoais, seja o fundamento para a tomada de decisões tão importantes como essa.

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O senhor acredita que cristãos precisam se reunir presencialmente para cultuar Deus?


AR - Mais importante do que minha opinião é o que a própria Bíblia diz sobre o assunto. O cristianismo é talvez a única religião do mundo em que, além de olhar para o alto, você precisa olhar para os lados. Além de comunhão com Deus, você precisa de comunhão com outros cristãos. Além de amar Deus, você precisa amar o próximo.

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É possível adorar Deus mesmo sem ir à igreja?

AR - É possível cultuar Deus em quaisquer lugar e situação. Porém, congregar é uma das disciplinas para se garantir saúde espiritual. A igreja é tão importante para cristãos como as sinagogas para judeus e as mesquitas para muçulmanos.


Como a Bola de Neve está tocando atividades religiosas na pandemia?


AR - Estamos transmitindo as pregações online, fazendo as células [encontro nos lares] e as reuniões menores pelo Zoom. A igreja como um todo precisou se flexibilizar para se adaptar à nova realidade.


O reverendo Augustus Nicodemus Lopes disse que muitas igrejas não querem fechar por temer queda nos dízimos. Vê isso?


AR - Nicodemus sabe que as igrejas, como qualquer outra instituição, podem receber suas doações até por aplicativos. Não há necessidade de cultos presencias para haver arrecadação. O que me parece é que ele esqueceu a ética e aproveitou a oportunidade para fazer o que já faz há muitos anos: atacar aqueles que pensam teologicamente diferente, principalmente pentecostais e neopentecostais, como se fossem um subproduto do Evangelho, e ele, um guardião da verdade. Infelizmente, sobrou prepotência, faltou humildade e senso de unidade.


O pastor Antonio Carlos Costa disse que é infantilismo espiritual defender cultos presenciais no auge da crise.

AR - Como poderia uma disciplina essencial para ajudar tantos que perderam fonte de renda, entes queridos, perspectiva de futuro, e que se sentem depressivos, ser um infantilismo espiritual? Diria a esse colega que os momentos de crise são quando os pastores fazem a diferença na vida das ovelhas. Convidaria-o a dar uma volta na cracolândia, para entender as reais mazelas da sociedade. Diria a ele que preferiria também usar as restrições para ficar em casa assistindo à Netflix, mas minha vocação não me permite.


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