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Venda de bicicletas aumenta em meio à pandemia e gera oportunidades

16 nov 2020 às 16:03

A produção e a venda de bicicletas têm crescido em ritmo acelerado no segundo semestre. De acordo com a Abraciclo, entidade que representa as fabricantes de veículos de duas rodas, 89,2 mil unidades foram montadas em setembro, um crescimento de 39,6% na comparação com agosto.


O dado considera apenas as bikes produzidas no Polo Industrial de Manaus, onde estão as gigantes Caloi e Houston, mas indica o potencial do segmento, que vem sendo explorado por empreendedores.


Segundo a Aliança Bike, que reúne lojistas e empresas voltadas ao transporte sustentável, as vendas das associadas cresceram 93% na comparação entre os meses de agosto de 2020 e de 2019.


"Vivemos um boom de vendas com a pandemia da covid-19, já que o uso da bicicleta é recomendado pela OMS [Organização Mundial da Saúde] como alternativa segura de mobilidade para evitar aglomerações, comuns no transporte público", diz Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo.


O comércio digital impulsiona o setor. Victor Hugo Cruz, CEO da Vela Bikes, especializada em modelos elétricos, diz que essa modalidade de venda representa 95% do total durante a pandemia. Antes, equivalia a 60% dos negócios.


Foi preciso aprimorar o canal online e incluir a opção de montar a bicicleta virtualmente, para se adequar ao gosto de consumidores altamente conectados.


O projeto da Vela Bikes começou em 2012 e foi implementado no fim de 2014, com fábrica em Diadema (ABC).
A produção começou em meio à crise. "A gente iniciou a operação no momento mais difícil possível. Pegamos o impeachment [da então presidente Dilma Rousseff] e dependemos de componentes importados que foram afetados pelo dólar. Só conseguimos nos manter pelo potencial da bicicleta elétrica", afirma Cruz.


A persistência tem sido recompensada. Em 2015, foram montadas 80 bikes. Em 2019, o número chegou a 800 unidades. Pelas contas da Vela, 90% de seu público está na Grande São Paulo. A empresa tem uma filial em Curitiba.


O dólar alto segue como um dos principais entraves. Bikes que custavam R$ 4.500 hoje são vendidas por R$ 6.800, segundo Cruz. Há o objetivo de nacionalizar componentes, mas ainda não existem opções locais que atendam às necessidades da empresa.


Problemas com peças também afetam os fabricantes instalados em Manaus.


"Todas as fabricantes instaladas no polo estão trabalhando a plena capacidade, mas estamos limitados pela falta de insumos, como sistemas de freios, de transmissões, suspensões e selins. Mesmo se esforçando muito, os fornecedores globais não têm condições de atender aos pedidos", diz Gazola, da Abraciclo.


Para o representante da entidade, o equilíbrio entre produção e demanda deverá retornar no próximo ano.
A escassez de componentes faz os empreendedores acompanharem com mais atenção os movimentos do mercado ""é preciso ser mais assertivo nas escolhas do portfólio.


Os modelos de maior sucesso no mercado brasileiro são as mountain bikes, mais robustas e adequadas ao uso em estradas de terra. Essa categoria representa 54,4% de todas as bicicletas fabricadas no país entre janeiro e setembro deste ano, segundo a Abraciclo.


Em seguida estão as opções de passeio com estilo mais urbano, que detêm uma fatia de 33,9% da produção.
As bikes elétricas, que equivalem a apenas 0,7% da fabricação nacional, têm potencial de crescimento. De acordo com a Aliança Bike, a comercialização desses modelos por meio de suas associadas cresceu 53% na comparação entre os meses de agosto de 2019 e de 2020.


Cruz afirma que alta nas vendas passa por diferentes fases na pandemia. Ele explica que, entre maio e junho, quando grande parte da população estava em home office, houve pouco uso das bicicletas. O boom veio em seguida, com a alta na procura por bikes mecânicas, para a prática de exercícios. Agora é a vez dos modelos elétricos voltarem a crescer, como alternativa para distâncias mais longas.
O aumento da procura fará o segmento crescer em relação a 2019, o que será um fato raro entre as empresas que produzem veículos.

A Anfavea, que representa as fabricantes de automóveis, estima que as vendas de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões cairão 30% em 2020 na comparação com o ano passado.


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