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'Eu sexual'

Sexualidade ainda é vista como tabu no tratamento de mulheres com câncer

Folhapress
23 set 2021 às 10:36

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- Pixabay
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 O tratamento contra um câncer pode ter grande impacto na sexualidade do paciente, mas o assunto ainda é pouco discutido no consultório médico. É o que afirma a oncologista do Instituto d'Or Sabrina Chagas, que também é vice-presidente do Instituto Nosso Papo Rosa, projeto de conscientização sobre o câncer de mama, o mais comum entre as mulheres.

A especialista está entre as debatedoras de um painel que discutiu o tema dentro do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, realizado entre os dias 20 e 24 de setembro.


Segundo previsões do Inca (Instituto Nacional do Câncer), entre 2020 e 2022, país chegará a mais de 66 mil casos de câncer de mama, o que equivale a 29,7% dos diagnósticos. Nos homens, a incidência é muito menor, com uma média de um caso para cada 100 mil indivíduos.

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As mudanças no corpo das mulheres, decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou tratamentos como quimioterapia, hormonioterapia ou menopausa induzida, podem afetar o prazer e a autoestima.

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"Isso pode significar alterações no sentido do 'eu sexual', que incluem distúrbios com o prazer e a libido", diz Chagas. Além disso, afirma a médica, as pacientes enfrentam questões intrapsíquicas, como medo da perda da fertilidade, imagem corporal negativa, depressão e ansiedade.

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Um estudo americano publicado no ano passado, que analisou bancos de dados de janeiro de 2009 a julho de 2019, identificou que as principais barreiras para abordar o assunto estão no constrangimento relacionado a falar sobre sexualidade e alterações corporais decorrentes dos tratamentos ou cirurgias –que em alguns casos levam à remoção das mamas.


O diálogo é facilitado quando o médico inicia discussões honestas sobre as questões sexuais com a paciente. Para que isso aconteça, são necessários programas de treinamento para esses profissionais, diz Chagas.

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A presidente Instituto Papo Rosa, Maria Julia Callas, reforça a importância de escutar as pacientes e respeitar a diversidade de cada uma delas –que não necessariamente terão relação com um homem.


"Estamos falando de sexualidade do ser humano como um todo, e faz parte desse acolhimento a possibilidade de o paciente poder falar de maneira livre como ele se identifica." Na visão da mastologista, houve uma perda na humanização do tratamento oncológico ao longo dos anos.

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"Ficamos focados na doença, e o paciente é muito mais do que isso. Ele tem uma caminhada solitária. Por mais que tenha uma rede de apoio grande, só ele sabe as angústias e o medo que sente."


Muitas mulheres, por exemplo, são abandonadas por seus maridos após o tratamento. "[Em vários casos], o par da pessoa está confuso e não sabe como lidar com a situação, levando a uma falta de comunicação no relacionamento. Então, às vezes é o profissional quem consegue puxar o assunto. 

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A falta de comunicação pode levar a uma mudança significativa não apenas na vida de um casal, mas de uma família inteira."


8º Congresso TJCC (Todos Juntos Contra o Câncer)


Quando de 20 e 24 de setembro


Onde assistir: no site congresso.tjcc.com.br

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