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Análise de cocô de 2.000 anos atrás mostra como flora intestinal mudou

Gabriel Alves - Folhapress
13 mai 2021 às 08:30
- Pixabay
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Ao analisar amostras de fezes de mais de mil anos de idade, um grupo de cientistas (dos EUA, México, Canadá, Itália, Dinamarca e Alemanha) conseguiu remontar o genoma de microrganismos do passado que habitam o interior do corpo humano e mapear a diversidade deles.


O resultado, publicado nesta quarta (12) na revista Nature, mostra que a flora intestinal (ou microbiota) das paleofezes é mais similar à das populações não industrializadas. Um dos micróbios "perdidos" com a industrialização é o Treponema succinifaciens.

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Nos cocôs antigos há grande quantidade de enzimas capazes de digerir quitina, um tipo de carboidrato usado por insetos para construção de seu exoesqueleto e presente em cogumelos e fungos. O achado é indício de como era a dieta das pessoas no passado.

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Em outra análise, foram comparadas enzimas produzidas pelos micróbios ativadas por carboidratos. Antigamente e em populações não industrializadas, era mais fácil encontrar enzimas capazes de digerir amido, provavelmente devido a uma maior ingestão de carboidratos complexos (como grãos integrais e certos tubérculos).

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O mesmo vale para genes de resistência a antibióticos nos micróbios –em populações industrializadas são muito mais presentes, denunciando abuso desses medicamentos, tanto em humanos quanto para a produção de carne.


Um dos maiores desafios foi reconstituir a informação genética desses micróbios. Um genoma íntegro de bactéria pode ter centenas de milhares de pares de bases, ou "letras" genéticas (humanos, para comparação, têm 3 bilhões de pares). Na amostra, o material estava tão danificado que, em média, os pedaços de DNA tinham 174 pares de bases.

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Também se buscou ter certeza de que o DNA das amostras não estava contaminado com DNA mais recente, o que poderia nublar as conclusões.


Ao todo foram usadas oito amostras de cocô entre 1.000 e 2.000 anos, encontradas em cavernas no sudoeste dos EUA e no México.

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Os cientistas conseguiram, no fim, reconstruir 498 genomas de micróbios, sendo que 181 têm origem no intestino e, desses, 61 representam espécies ainda não conhecidas. O passo seguinte foi comparar esses achados com a microbiota de populações "industrializadas" e das que hoje vivem isoladas, "não industrializada", como certas tribos na Amazônia ou na ilhas Fiji.


"Um conceito importante que surge de nosso trabalho é que, se a teoria do desaparecimento do microbioma humano estiver correta, para reduzir a carga de doenças crônicas, simplesmente comer bem e fazer exercícios não é suficiente –precisamos semear novamente o microbioma humano moderno com as espécies que perdemos", disse à reportagem Aleksandar Kostic, autor sênior do estudo e professor de microbiologia da Universidade Harvard.

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Já há grande interesse da indústria farmacêutica e biotecnológica na produção de novas terapias com base nesses conhecimentos. Por exemplo, a infecção resistente pela bactéria Clostridium difficile, pode ser tratada com transplante de fezes, com alta taxa de sucesso. Existem investigações de tratamentos para doenças inflamatórias intestinais e também para terapias combinadas em oncologia.


Mas a ideia de alterar o microbioma ao estado "original" pode ser uma tarefa inglória, segundo Emmanuel Dias-Neto, pesquisador do A.C.Camargo Cancer Center e estudioso do microbioma humano, que não participou do estudo.

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Uma das maiores dificuldades é ter a dimensão exata do que é saudável. "Ainda não temos uma referência do que seria uma microbiota saudável para o brasileiro. Não tem como fazer um exame e dizer que a quantidade de uma determinada bactéria está baixa", diz.


Mas já é possível fazer algo a respeito da saúde da sua microbiota: a dieta é um dos fatores que mais influenciam essa composição.

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O consumo de fibras, carboidratos complexos e frutas in natura está associado a melhor saúde gastrointestinal e a menor risco de câncer de cólon; consumo excessivo de carne, por sua vez, nos leva na direção oposta.


Outros fatores são mais difíceis de controlar, como poluição e ingestão de microplásticos, presentes até na água. Assim, a recomposição da microbiota nunca seria absoluta.

Como muitos desses fatores são nocivos aos microrganismos, a tendência é que outros rapidamente ocupem esses nichos.


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