A tecnologia proporcionou maior facilidade na identificação de corpos, e isso fez reduzir de forma significativa a quantidade de peças doadas às instituições de ensino para estudo. Assim, as disciplinas que necessitam dos cadáveres para dissecar passaram a reutilizar corpos já recebidos, ou então, réplicas muitas vezes desenvolvidas pelos alunos da própria instituição. É o caso de Cibele Silva Barbosa, aluna do quarto ano de Odontologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que desenvolveu um crânio a partir de porcelana fria, linha de bordado, tinta e verniz.
Como parte do projeto de ensino "Anatomia: ensino e aprendizado utilizando métodos alternativos" - do qual Cibele participou por um ano como bolsista e continua como monitora - os estudantes reproduzem peças que podem viabilizar o aprendizado prático em sala. O crânio, moldado pela aluna, possui dimensões quase idênticas às reais e levou seis meses para ser confeccionado. "Eu cheguei a levar uma peça [de cadáver] para casa para estudar e modelar a réplica", afirma Cibele.
O resultado final foi satisfatório para a aluna e ela acredita que o crânio será muito útil nas aulas. "É muito melhor para dinamizar a aula, visualizar o modelo tridimensional, fixar o conhecimento e depois ir para a prática", expõe. A peça esculpida por Cibele conta com pontos de referência como orelhas, língua e glândulas parótidas. Mas ela quer mais, e pretende continuar o projeto com modelagem de outros nervos.
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A escolha da peça a ser replicada foi do professor Edson Scolin, do Departamento de Anatomia e coordenador do projeto. Segundo Cibele, "a situação dos cadáveres está muito ruim e dificulta a análise", o que torna mais eficiente o estudo por meio de réplicas. O destaque do crânio é a demonstração do nervo facial, importante em diversos procedimentos, como o de harmonização facial, muito realizado atualmente. O material usado para representar o nervo foi linha de bordado, ideal para a identificação durante a análise.
Cibele afirma gostar muito de trabalhar peças manualmente, e sua maior dificuldade foi modelar partes como boca e orelhas. Mas, além de aprimorar suas habilidades manuais, a aluna destacou a importância do projeto no conhecimento teórico: "O projeto traz bastante experiência para gente. A face tem vários tecidos e precisamos conhecer a anatomia deles".
Outros projetos
O interesse por modelagem não ficou apenas no desenvolvimento do crânio. Junto com outros integrantes do projeto, Cibele ajudou a produzir um molde de cera para ser usado nas aulas. Em outro projeto, intitulado "Saúde bucal em escolares e a comunidade", coordenado pelo professor Wagner Ursi (Departamento de Odontologia Restauradora), a aluna fez parte do desenvolvimento de brinquedos educativos. Para incentivar as crianças, o projeto usa o lúdico e os insere a práticas saudáveis com as réplicas desenvolvidas. "No dente a gente demonstra como é a prática da escovação das crianças, mostramos a importância do fio dental", conta.
O crânio modelado por Cibele, assim como todas as peças produzidas pelo projeto, não se destinam apenas às disciplinas que necessitam de demonstração prática, mas também a qualquer pessoa que tenha interesse em estudar Anatomia.