Em Londrina, estudantes, professores universitários, secundaristas e funcionários de instituições estaduais e federais voltaram às ruas da cidade nesta quarta-feira (30), em defesa da educação e contra a reforma da previdência. Os manifestantes começaram a se concentrar no Calçadão às 16h e saíram em passeata por volta das 19h em direção ao Zerão. O protesto foi organizado pelo Levante Popular da Juventude em parceria com o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), grêmios estudantis, centros acadêmicos e secundaristas do IFPR (Instituto Federal do Paraná). Até as 20h, de acordo com os organizadores, 10 mil pessoas foram contabilizadas participando do ato.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub anunciou no início de maio um contingenciamento de 30% nas verbas de custeio de institutos e universidades federais. No último dia 15, um ato nacional pela educação foi realizado em todo o Brasil. Em Londrina, duas passeatas foram realizadas, sendo uma pela manhã e uma entre o fim da tarde e início da noite. Na ocasião, a organização contabilizou sete mil participantes. De acordo com a organização do ato desta quinta, essa manifestação também foi realizada para mobilizar e preparar as pessoas para a Greve Geral em 14 de junho.
Para o presidente do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região), Ronaldo Gaspar, a participação estudantil nesta quinta é muito boa. "É um momento importante da luta. Estão agregando forças para o dia 14", declara. Em entrevista à FOLHA no último dia 29, Gaspar afirmou que caso a política do governo a respeito da educação não seja modificada, espera que novas manifestações neste mesmo sentido ocorram. "E que sejam cada vez maiores", pontuou.
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De acordo com o presidente da APP Londrina e coordenador do Coletivo de Sindicatos, Marcio Ribeiro, esse ato é um processo de organização para a greve geral no Brasil de todas as categorias. "Desta vez foi uma manifestação dos estudantes e nós viemos apoiar, mas o tema é de interesse de todo mundo. Para nós foi uma mobilização muito boa. Faz décadas que não via uma manifestação com esse mote, afinal é uma defesa que tem que ser de toda a sociedade, independentemente de quem votou nas eleições. Defender interesses da educação pública é essencial", ressalta.
A estudante de jornalismo da UEL Karem Coluciuc, de 23 anos, acredita que a manifestação desta quinta está bem mais organizada e pacífica. "Hoje eu vi muito mais pais com crianças e pessoas que não têm estereótipo de militância e acho que é algo extremamente significativo porque quer dizer então que o ato está alcançando não só as pessoas disponíveis a participar pela reivindicação da pauta, mas está alcançando pessoas de outras classes. Essa acontecendo uma descentralização nesse ato", avalia.
"Outra coisa significativa que eu vejo é que a galera desse movimento de contestação desse corte de verba está promovendo mais uma vez uma diferenciação ideológica e tipológica, que é a galera que vem de vermelho, a galera que vem com faixas do comunismo, outras criticando o Bolsonaro. Eu vi uma pessoa com uma camiseta verde e amarela. A galeria não se tocou ainda que a pátria também é nossa e que a gente tem que ocupar esse espaço. A gente não tem que deixar eles ressignificarem nossa bandeira, a gente tem que ressignificar isso. E a ressignificação da nossa bandeira é em prol da luta pela educação pública de qualidade", conclui.
O estudante de Ciências Sociais da UEL Luan Piovani, de 21 anos, avalia que o movimento estudantil está crescendo. "Estão estudantes não só da UEL, que é a instituição que eu estudo, mas também alunos da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), do IFPR (Instituto Federal do Paraná), de outras universidades da cidade e até professores secundaristas", relata. Vinícius Ribeiro Ferreira, 19 anos, também aluno de Ciências Sociais, acredita que a primeira manifestação que teve no dia 15 no Brasil inteiro alertou muito mais as pessoas em relação aos cortes na educação. "Acho que isso deu mais vontade nas pessoas e também foi um momento de acordarem de que agora é hora de luta".
A aluna de Letras-Inglês da UEL Thaís Stelzer Ramos explica que no ato desta quinta foi só o movimento estudantil. "Os docentes resolveram se mobilizar em solidariedade aos estudantes, que foi o contrário do que aconteceu na primeira do dia 15, quando tiveram duas passeatas. Tem bastante gente. As pessoas estão indignadas e eu também", pontua. Para a professora de Letras-Inglês Elis Liberatti, essa manifestação é um prenúncio do dia 14 de junho. "Isso mostra que a gente não vai parar. Esse desmantelamento da universidade pública e outras instituições públicas como um todo trouxe muita gente engajada. Tudo isso indica um prenúncio de greve", diz.
Segundo Marcelo Kloster Junior, 22, estudante do curso de História da UEL, o lema da manifestação foi cumprido. "Essa foi maior que a primeira e acredito que no dia 14 será ainda maior por ser uma greve geral com a presença não só de estudantes e professores, mas também de outras categorias. Enquanto não respeitarem a educação e não darem a devida atenção que a educação merece não vamos parar. Vamos continuar na luta", finaliza.