A UEL (Universidade Estadual de Londrina) abriu três editais para a execução de obras de acessibilidade
que serão executadas inicialmente no calçadão, no CLCH (Centro de Letras e
Ciências Humanas) e no CCB (Centro de Ciências Biológicas) para
melhorar a condição de cadeirantes e de pessoas com mobilidade reduzida
ou comprometida que circulam no campus universitário. Ao todo, será
investido R$1,74 milhão nos três lotes. A expectativa é de que os
projetos sejam concluídos já no primeiro semestre deste ano.
A acessibilidade é um grande desafio para órgãos públicos, prevista na Lei nº 10.098/2000,
que preconiza ambientes físicos e digitais para todos, a partir da
autonomia, segurança e da organização de espaços sem obstáculos. A mesma
determinação vale para empresas e demais organizações privadas. Segundo
o assessor para projetos estratégicos da Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento), Gilson Bergoc, as três obras de acessibilidade representam um
grande avanço e atacam pontos considerados de grande circulação de
pedestres.
Ele explica que anteriormente a administração da UEL fez adequações para melhorar o acesso em diversos locais, como os centros de estudos, sanitários, a eliminação de desníveis nas portas de salas de aula e instalação de elevadores. Os três editais pretendem eliminar barreiras arquitetônicas e que obrigam cadeirantes, por exemplo, a percorrerem distâncias maiores que as demais pessoas para ter acesso a determinados locais.
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Para a reitora da UEL, Marta Favaro, é uma responsabilidade social da universidade adaptar os espaços para atender de forma adequada os
estudantes com deficiência ou com dificuldade de mobilidade,
principalmente pela oferta de vagas à pessoas com deficiência no Vestibular da UEL,
e ainda a comunidade externa que visita o Campus. “É um movimento para
que a universidade seja cada vez mais acessível, em todos os aspectos”,
afirma.
Os recursos de mais de R$1,7 milhão são provenientes do Tesouro do Estado do Paraná e foram obtidos na negociação da folha de pagamento da UEL para o Banco do Brasil. A alocação para a acessibilidade foi discutida e aprovada pelo Conselho de Administração de 2018-2022.
Calçadão
Uma das obras prevê a acessibilidade em toda a extensão do calçadão (sentido Reitoria/Cesa) e no trecho que faz a ligação entre o CCE (Centro de Ciências Exatas) e o CCA (Centro de Ciências Agrárias). O projeto cria uma faixa com piso adequado, que deverá ser transitável para cadeirantes e pessoas com limitações físicas, de acordo com a NBR-9050, que normatiza a acessibilidade nas edificações, mobiliário, equipamentos e espaços urbanos e rurais. As obras preveem mais de 2 mil m² de área total, a partir de uma faixa de concreto com 1,5 metro de largura. O projeto contempla ainda adequações nas escadarias do percurso.
Segundo Bergoc, o projeto, aparentemente simples, demandou três anos
de trabalho da arquiteta Ângela César, que atuava junto à Divisão de
Desenvolvimento Físico da Proplan. Para idealizar o projeto, foi preciso
realizar um levantamento meticuloso dos detalhes e das barreiras
arquitetônicas de toda a área do calçadão. O projeto está em fase final
de licitação e a ordem de serviço deve ser assinada em março. O contrato
prevê 90 dias para conclusão da obra, orçada em R$1,26 milhão.
Rampa do CLCH
O outro edital, que já está na fase de assinatura de contrato e tem investimento de cerca de R$ 180 mil, prevê a construção de uma rampa de acesso em formato de X no CLCH. A obra vai interligar o nível dos blocos onde se localizam os anfiteatros, o Labted (Laboratório de Tecnologia Educacional) e o bloco onde ficam as secretarias dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação.
O projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo próprio Bergoc, que
buscou uma solução acessível que pudesse reduzir o percurso e, ao mesmo
tempo, ajudar pessoas com limitações e toda a comunidade que utiliza o
CLCH na circulação entre os espaços de aula e administrativos. Segundo
ele, a rampa cobre um desnível entre dois e quatro metros de altura.
Além de eliminar a barreira arquitetônica, deverá reduzir o percurso
para quem utilizá-la. “São caminhos utilizados por muita gente e que
poderão ser feito por uma rampa suave”, define.
Passarela do CCB
O terceiro edital está em fase de assinatura de contrato, com
investimento de mais de R$ 294 mil. O projeto contempla a construção de
uma passarela coberta e iluminada, de 109 metros de extensão por dois de
largura, para ligar o bloco dos auditórios do CCB e a Central de Salas. Por ser uma obra mais detalhada,
que inclui luz e cobertura, o prazo de execução previsto será de 120
dias. De acordo com Gilson, a obra também prevê alguns ajustes no
terreno.
Benefício
Levantamento
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que
8,4% da população brasileira acima de dois anos – o que representa mais de
17 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. Quase metade
dessa parcela (49,4%) é de idosos. Os dados são da Pesquisa Nacional de
Saúde de 2019, feita pelo Ministério da Saúde.
Para se ter uma dimensão do tamanho deste contingente que necessita de assistência, na faixa etária acima de 60 anos, uma a cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência. Na UEL, de acordo com informações do NAc (Núcleo de Acessibilidade), da Prograd (Pró-Reitoria de Graduação), existem, hoje, 13 estudantes que apresentam alguma deficiência física e necessitam de acessibilidade. Os casos contabilizados representam apenas os estudantes que buscaram apoio do órgão. A cada ano, no entanto, vem sendo sendo observado o aumento da demanda de acessibilidade e de obras de adaptação.