A atriz Salma Hayek revelou em um texto escrito para o jornal The New York Times sobre os assédios e traumas que sofreu com o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, conhecido nas últimas semanas após diversas denúncias a respeito de seu comportamento terem vindo à tona.
De acordo com ela, Weinstein teria tentado convencê-la a tomar um banho e até fazer sexo oral nela, e, após as recusas, passado a tratá-la com raiva.
No texto, Hayek volta ao ano de 2002, quando foi lançado o filme Frida, em que foi protagonista. Ela conta que, à época, o império de Weinstein era considerado como sinônimo de qualidade, e mesmo tendo começado sua jornada para produzir seu filme com uma empresa diferente, lutou para tentar levá-lo às mãos de Harvey.
Leia mais:
Promotores acusam juíza de cometer abusos em investigação relacionada a Gusttavo Lima
Filha de Ana Maria dá pausa em vida isolada para participar do Mais Você
Fernanda Montenegro parabeniza Fernanda Torres por indicação ao Globo de Ouro
Estava dopado, diz Selton Mello sobre vício em remédios para emagrecer
Salma conta que conhecia um pouco de Harvey através de sua amizade com o diretor Robert Rodriguez e sua esposa, a produtora Elizabeth Avellan. "Tudo o que sabia de Harvey naquele momento era que ele tinha um intelecto marcante, era um amigo leal e um pai de família".
"Sabendo o que sei agora, eu me pergunto se não foi a minha amizade com eles e Quentin Tarantino e George Clooney que me salvou de ser estuprada", reflete.
Ela conta que o acordo inicial com Harvey previa que ele pagasse os direitos do trabalho já desenvolvido por ela. Como produtora, ela receberia um crédito, mas não teria pagamento, "o que não era raro para uma produtora mulher nos anos 1990". Ele também havia pedido a assinatura de um contrato em que ela faria diversos outros filmes com a Miramax, produtora de Weinstein, "o que eu pensei que concretizaria meu status como atriz principal".
"Eu não ligava para o dinheiro, estava tão animada em trabalhar com ele e a empresa. Na minha ingenuidade, pensei que fosse meu sonho se tornando realidade. Ele havia validado os últimos 14 anos da minha vida, e dado uma chance para mim - uma ninguém. Ele disse sim. Mal sabia eu que seria minha vez de dizer não", contou.
"Não para abrir-lhe as portas a qualquer hora da noite, hotel atrás de hotel, locação atrás de locação, onde ele aparecia inesperadamente, incluindo em um local em que eu estava fazendo um filme que ele não estava envolvido. Não para tomar um banho com ele. Não para deixá-lo me ver tomando banho. Não para deixá-lo me dar uma massagem. Não para deixar um amigo nu dele me dar a massagem. Não para deixá-lo fazer sexo oral em mim. Não para me deixar nua com outra mulher. Não, não, não, não, não", desabafou.
Em seguida, ela conta que começou a despertar a fúria de Weinstein, que prometia se vingar para atrapalhar sua vida: "Em um ataque de fúria, ele disse: 'Eu vou te matar, não pense que não posso'".
"Em seus olhos, eu não era uma artista. Eu não era sequer uma pessoa. Eu era uma coisa: não uma ninguém, mas um corpo", prosseguiu.
Em outro momento, ela ressalta a importância das denúncias feitas por outras pessoas que sofreram com assédios do produtor: "Quando tantas mulheres vieram à frente para descrever o que Harvey havia feito a elas, eu tive que confrontar minha covardia e aceitar que minha história, por mais importante que fosse para mim, não era nada senão uma gota em um oceano de tristeza e confusão."