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Luto

Filho de Marcelo Rezende posta texto inédito do pai

Agência Estado
11 out 2017 às 15:00

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- Reprodução/Instagram
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Diego Esteves, filho de Marcelo Rezende, publicou uma linda homenagem ao pai, que morreu em 16 de setembro de câncer no pâncreas e no fígado. O rapaz postou foto antiga ao lado do pai e um texto inédito do jornalista, lido pelos filhos em sua missa de sétimo dia.

O texto começa contando como Marcelo e a família moravam dentro de uma escola do Serviço de Assistência ao Menor na Ilha do Governador, no Rio. A residência ficava próxima ao aeroporto internacional Tom Jobim.

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As aeronaves despertavam a imaginação do menino Marcelo e ele perguntava para a mãe, que trabalhava na Aeronáutica, o que se comia durante as viagens de avião. A mulher, no entanto, nunca tinha feito viagens de avião e não sabia responder.

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"Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a 'comida de avião'. Que decepção. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor", conta. Marcelo cresceu, se tornou jornalista e, segundo afirma no texto, chegou a fazer 54 viagens internacionais em um só ano.

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Na parte mais emocionante do relato, Marcelo finaliza contando que tem um filho morando "em cada canto" e que eles vão viajar muito: "Antes que você me faça alguma pergunta, vou dizer logo: nós - você e eu - vamos viajar muito a partir de agora".


"Boa viagem meu pai", se despede Diego em sua postagem.

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Em junho, Diego já havia feito uma homenagem ao pai em decorrência do Dia dos Pais, comemorado em alguns países do mundo no terceiro domingo do mês:


"A única luta que se perde é aquela que se abandona", disse Che Guevara, mas bem que poderia ter saído da boca do meu velho. Feliz dia dos pais"

Texto inédito do meu pai @marcelorezende.oficial que lemos com as minhas irmãs na Missa do Sétimo Dia: "Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos - meus pais e meu irmao de criacão - numa escola do antigo SAM - Servico de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai Jaures conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva. A escola ficava às margens do aeroporto internacional do Galeão, hoje  Aeroporto Tom Jobim. A cada instante aviões passavam sobre nossas cabecas - bem baixinho e com seu ronco assustador para um moleque de seis, sete anos.  Minha mãe Áurea, por coincidência, trabalhava como funcionária administrativa da Aeronáutica em outro aeroporto, o até hoje Santos Dumont, no centro do Rio. Eu perguntava: "Mãe, no avião se come? Que que come lá?" Minha mãe não sabia responder - jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a "comida de avião". Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: "Mãe, avião leva a gente prá onde?". Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu comecaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais - uma por semana. Meu recorde. Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião "à passeio". Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes - se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia - dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós - você e eu - vamos viajar muito a partir de agora." Boa viagem meu pai.

Uma publicação compartilhada por Diego Esteves (@estevesfdiego) em


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