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Não existe má intenção, diz padre investigado por desviar doações

Júlia Barbon - Folhapress
25 ago 2020 às 09:29
- Reprodução/Instagram
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Investigado por supostamente ter desviado doações de fiéis, o padre Robson de Oliveira Pereira negou ter praticado qualquer atividade criminosa e disse que todo o dinheiro recebido por associações católicas fundadas e presididas por ele foi usado para a evangelização.


O religioso, que é considerado celebridade e costuma reunir multidões em suas missas pelo Brasil, publicou um vídeo nas suas redes sociais no sábado (22) se pronunciando pela primeira vez sobre uma operação do Ministério Público de Goiás que fez apreensões em endereços ligados a ele na última sexta (21).

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"Sexta foi um dia corrido, pesado, e devido à situação na qual eu fui colocado eu entendi que o melhor caminho seria me afastar temporariamente da reitoria do Santuário Basílica de Trindade e também da presidência da Afipe. Eu sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público", declarou o pároco.

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"Esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda a doação que fazemos ao Pai Eterno, terços rezados, dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregados na evangelização foi toda –repito– toda empregada na própria associação, a Afipe, em favor da evangelização", continuou.

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O padre Robson era, até este final de semana, presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e de outras duas associações investigadas. Era também reitor da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (a 23 km de Goiânia), santuário que atraiu 3 milhões de fiéis para a festa do Divino Pai Eterno no ano passado.

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Segundo as investigações do Ministério Público, essas instituições vêm sendo geridas como empresas, envolvendo movimentações financeiras que somam R$ 1,7 bilhão, a compra e venda de casas, apartamentos e fazendas em diversos estados e a exploração de atividades como agropecuária e mineração, inclusive por meio de supostos laranjas.


Parte dos valores doados estariam sendo usados para pagar despesas pessoais dos envolvidos e não para propósitos religiosos, dizem os promotores, como a compra de uma casa de luxo de R$ 2 milhões na Praia de Guarajuba, na Bahia. Os crimes apurados são organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal.

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"Não existe nenhuma má intenção, nenhuma atividade criminosa, nenhuma atitude [ilícita]. Agora, são números altos? São. Os números é que me condenam? Não. Porque tudo que a Afipe faz é dentro da regra, da finalidade e da lei", disse o pároco ao Fantástico, da TV Globo, no domingo (23).


A justificativa do padre e da defesa da Afipe é de que o dinheiro das doações foi investido legalmente em imóveis e outras atividades econômicas para gerar mais dinheiro para a evangelização, em vez de ser aplicado em um banco, por exemplo.

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"Entendemos que a melhor coisa seria: vamos fazer investimentos imobiliários, compramos fazendas, gados, fizemos investimentos que são totalmente dentro das finalidades da entidade, e por isso totalmente lícitos, e por isso a gente foi fazendo. Chegamos a um patamar grande", disse o religioso ao programa.


Segundo a associação o dinheiro é empregado principalmente na construção de uma nova basílica com capacidade para 6.000 pessoas em Trindade, que está sendo erguida há oito anos, e no conglomerado de mídia que inclui a TV e a rádio Pai Eterno, entre outras ações. As doações são feitas por boleto, cartão de crédito ou transferência.

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A investigação já dura três anos e começou depois que o padre foi extorquido em 2017. Ele pagou R$ 2 milhões a cinco pessoas que hackearam seu computador e seu celular e ameaçaram divulgar imagens e mensagens com informações pessoais, amorosas e profissionais, segundo o Ministério Público –cinco pessoas foram condenadas.


A alta quantia acendeu o alerta do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que passou a apurar a origem do dinheiro que o padre deu aos criminosos. A partir daí, o órgão teria descoberto "uma grande teia de movimentações financeiras", disse o promotor Sebastião Marcos Martins.

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Ao Fantástico, o padre Robson admitiu ter usado o dinheiro da Afipe no resgate. "Porque eu mesmo não tenho condições financeiras para atender esse tipo de pedido que foi feito", disse, alegando que todos os pagamentos foram monitorados pela polícia. "O processo ainda está em andamento, os valores estão retornando para a associação", afirmou.


Questionado sobre o fato de que a diretora financeira da entidade, Rouane Carolina, e mais dois homens sacaram mais de R$ 109 milhões em dinheiro vivo das contas da Afipe ao longo de dez anos, o pároco respondeu que não sabia. "Eu não tenho conhecimento disso, acho que precisa ser apurado para entender se é uma suposição ou uma verdade."


Neste domingo, a Arquidiocese de Goiânia suspendeu temporariamente o uso de ordens do padre, "considerando a necessidade de prevenir escândalos, garantir o curso da justiça e tutelar a fé". Isso significa que por enquanto ele não pode celebrar missas nem absolver pecados, por exemplo.

A reportagem vem tentando contato com a Afipe por telefones e e-mails desde sábado, mas não obteve resposta.


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