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A dança na visão de Vera Sala

Simone Mattos - Folha do Paraná
02 fev 2001 às 17:22

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As duas grandes estrelas do I Encontro das Novas Dramaturgias, que está acontecendo no Teatro Guaíra, irão se encontrar num aguardado debate na manhã de domingo. A Folha tentou antecipar o confronto entre a paulista Vera Sala e a japonesa Setsuko Yamada, ontem pela manhã, mas infelizmente Setsuko teve problemas de saúde e não pode comparecer.

A conversa acabou sendo apenas entre Vera e a mediadora do debate, Christine Greiner, responsável também pela vinda das bailarinas a Curitiba. Elas falaram sobre o atual momento da dança no Brasil, os novos talentos e o papel do professor na formação de novos bailarinos. Acompanhe os melhores trechos:

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Folha - É a primeira vez que Vera Salas e Setsuko Yamada se encontram pessoalmente. Como está sendo esta convivência??

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Vera - É muito interessante porque são duas pessoas que têm quase a mesma idade, ambas têm um tempo grande de vivência, de caminhos percorridos, de histórias. São trabalhos de toda uma vida. Ao mesmo tempo, são caminhos diferentes. Eu não conheço profundamente o trabalho da Setsuko para dizer o quanto somos próximas ou diferentes. O que eu sei é que nós duas estamos trabalhando com pesquisas de linguagem e ambas temos nosso caminho próprio.

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Folha - O que o público poderá esperar do debate entre vocês no domingo?


Vera - Cada uma estará falando do seu processo de criação, de como constrói seu trabalho e da sua trajetória....

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Christine - Quando pensamos no debate, pensamos exatamente nesta possibilidade das duas estarem se encontrando, falando de seus processos de criação. Mais que isso, o mais interessante será a troca de idéias na hora. Elas têm percursos diferentes, mas alguns encontros interessantes. Em comum, nenhuma delas quer repetir fórmulas prontas. Ambas são investigadoras do corpo. Para nós é um luxo assistir a uma conversa destas. É algo muito raro porque eu nunca vi nada assim no Brasil...


Folha - Você fala sobre o seu processo de criação. Como ele está hoje?

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Vera - Eu trabalho muito com improvisação e a cada trabalho que faço eu tenho que adquirir novas coisas no corpo, aprender coisas diferentes que eu não tinha antes.


Folha - Descobrir novas potencialidades?

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Vera - É, eu tenho que aprender outros movimentos e outras maneiras de estar em cena. Eu não tenho um vocabulário único, pronto, como no balé clássico por exemplo. Ali, você apenas reformula aquele vocabulário. Eu não, a cada trabalho eu trago o vocabulário que eu já tinha, mas tenho que acrescentar outras coisas. Então, eu trabalho no sentido do meu corpo aprender a fazer coisas que ele não sabia fazer. O processo de improvisação me ajuda a reelaborar este material.


Folha - Este é hoje o papel do professor de dança?

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Vera - O que eu tenho trabalhado é no sentido de dar caminhos para as pessoas explorarem o corpo e descobrirem outras maneiras de trabalhar este corpo. Nas aulas, eu ajudo as pessoas a descobrirem o seu próprio vocabulário corporal.


Folha - Qual é o corpo que se exige hoje de um bailarino?

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Vera - Não há um corpo específico, mas sim uma diversidade de caminhos. Não existe O Corpo, mas sim uma infinidade de possibilidades.


Folha - Como o 1º Encontro das Novas Dramaturgias do Corpo foi formatado?


Christine - A possibilidade de muita gente participar do workshop faz com que o encontro não seja tão superficial. É um modelo de encontro bem interessante, em que as pessoas saem não só tendo participado de um entretenimento, mas tendo sido movidas por ele.


Folha - Ele deverá se repetir?


Christine - Sim, por isso ganhou o nome de 1º Encontro... Ele deverá ser anual, mas não em formato de grande festival. Deverá ser sempre um encontro de grandes criadores, que permita a discussão e o aprofundamento dos temas, com muita reflexão sobre as informações.


Folha - Qual tem sido a receptividade do público?


Christine - Ontem (quarta-feira), no espetáculo da Vera, tinha uma quantidade incrível de gente com os olhos marejados de lágrimas. A receptividade tem sido máxima. Os workshops e palestras estão lotados.


Folha - Como está hoje a dança no Brasil?


Vera - Cresceu muito, têm muitas pessoas jovens com um trabalho já bem desenvolvido e propostas bem interessantes. Eu acho que a qualidade está crescendo bastante.


Folha - Dá para citar alguns nomes destes novos talentos?

Vera - Não, é muita gente... Eu vou acabar deixando pessoas boas de fora.


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